O IRC não morreu

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Há cerca de 10 anos, um ligeiro comunicador instantâneo conseguiu atrair muitos usuários brasileiros, o mIRC. Ele tinha um aspecto rústico - que se assemelhava a computadores antigos -, muitos canais, muitos assuntos e muitas pessoas conversando. O que diferenciava este comunicador era a possibilidade de usar scripts em um utilitário de bate-papo. Isso o tornou um dos programas mais baixados desde sua criação, em 1995: foram mais de 20 milhões de downloads até hoje.

O mIRC foi o exemplo de maior sucesso do uso do IRC, que nada mais é do que um protocolo para conversas em grupos e discussões através de canais (salas). Criado em 1988, na Finlândia, por Jarkko Oikarinen, o IRC foi utilizado para a transmissão de notícias da Guerra do Golfo, em 1991, e na tentativa de golpe na Rússia, no ano seguinte, quando a imprensa não tinha como atualizar os acontecimentos.

No Brasil – Sucesso e decadência

O IRC chegou ao Brasil em 1995, com redes fundadas por usuários brasileiros que já se conectavam a redes estrangeiras. Não demorou muito e essas redes concentravam milhares de usuários todos os dias. Nesse tempo, surgiu a Brasnet, que se tornou a maior rede de mIRC do Brasil. Ela chegou a ter quase 50 mil usuários e 1 milhão de conexões todos os dias. Estes números podem não ser nada perto de MSN ou ICQ hoje, mas na época onde não havia banda larga, isso era demais. Em maio de 2007, o último servidor da Brasnet foi fechado, decretando o fim da rede.

Um exemplo de bate-papo via IRC.

Com a popularidade de comunicadores instantâneos como ICQ e MSN Messenger, mais ou menos em 2003, o IRC começou a perder espaço. Uma das vantagens sobre esses programas sobre os clientes era a possibilidade de conversar somente com quem você quiser, sem ser importunado. Recursos do MSN, como conversas com câmera e integração com Hotmail, tornaram ainda mais difícil para os clientes manter sua base de usuários com a mesma força.

Em 2004, com o lançamento do Orkut, “a vaca foi pro brejo” de vez e, hoje, o IRC é como um item de colecionador, com encontros de “fiéis” e admiradores que não arredaram pé. Hoje, apesar de não contar com tantos usuários como antes, ainda há centenas de redes ativas. Os objetivos para usar o programa são mais específicos: troca de arquivos, busca de informações, divulgação de softwares livres. Alguns malfeitores usam os canais para espalhar malwares através dos servidores, atingindo milhares de computadores.

O IRC mudou bastante desde sua criação e ganhou alguns recursos, como envio de mensagens offline para usuários registrados, novos modos, suporte a Proxy, comandos adicionais, criptografia, identificação de servidores e protocolo de conexão.

Afinal, o que é isso?

IRC é a sigla de Internet Relay Chat, uma rede de servidores que hospedam canais de bate-papo, ou seja, as salas onde as conversas acontecem. Para se conectar a esta rede, você precisa de um cliente. O mIRC é um exemplo de cliente, o mais famoso de todos.

Este protocolo é baseado em um estrutura de linha pela qual o cliente envia mensagens ao servidor. Quase todos os clientes IRC permitem o uso de comandos, alguns interpretados pelo cliente, outros passados diretamente para o servidor.

Estrutura básica para envio de mensagens.

Cada usuário tem um apelido que pode ser registrado e é possível fazer algumas simples modificações nas cores das letras. Outros usuários, mais avançados, utilizam scripts com funções diferentes.

Dentro dos canais, usuários com privilégios administram as discussões como moderadores, com a habilidade de banir comportamentos inadequados e evitar qualquer uso mal intencionado de scripts. São os operadores, que têm de certo modo a mesma função de moderadores em servidores, só para exemplificar.

As conexões do IRC não tinham nenhum tipo de criptografia, o que chamava a atenção de muitos usuários inteligentes e mal intencionados. Poucos servidores suportavam conexões SSL (ou seja, conexão com segurança). Muitos usuários utilizaram o IRC como laboratório, experimentando novas maneiras de atacar servidores e burlar segurança. Prática comum era o roubo de canais.

Para entrar no que já foi uma onda

Uma lista com os participantes de um canal.Mesmo com a decadência, se você quiser experimentar ou reviver boas conversas através do mIRC, você pode baixá-lo, claro, no Baixaki. Antes de começar, veja algumas dicas: Não entre em canais a fim de buscar informações sobre hackers e invasões. Registre seu apelido e ative todas as opções de segurança disponíveis. Tome cuidado ao preencher formulários para não divulgar informações muito pessoais.

Os canais são precedidos pelo símbolo “#”. Os comandos devem ser digitados com “/” antes. Tudo que é digitado sem barra é considerado como mensagem e será exibido. O primeiro usuário a entrar em um canal torna-se operador e o canal fecha quando o último usuário sai. Por isso, bots (robôs) estão sempre ativos para manter um canal ativo. Um novato é facilmente identificado quando ele tenta puxar aquele papo... com um bot.

Veja alguns comandos básicos:

/LIST: lista todos os canais. Como a listagem pode ser muito grande, use parâmetros como “/LIST –min” para listar somente os canais que tenham o número indicado de usuários.

/NAMES: mostra os apelidos de todos os usuários em cada canal. Operadores são indicados com “@”.

/JOIN: entra no canal escolhido.

/MSG: envia uma mensagem privada.

/NICK: troca seu apelido. Quando você não especifica seu apelido, o seu login é interpretado como tal.

/QUIT: sai do canal.

Estes são apenas os comandos muito básicos. Com o tempo, você aprende novos deles.

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