Imagem de Star Renegades
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Star Renegades

Nota do Voxel
82

Star Renegades é tão crocante e cheio de ideias que dá vontade de mastigar

“Crocância” é um termo que, quando aplicado aos games, geralmente tem relação com sprites, pixels estourados brotando na tela e um quê de nostalgia. Não é uma regra universal, mas que, dentro de Star Renegades, se prova absolutamente verdadeira.

Desenvolvido pelo estúdio independente Massive Damage e publicado pela nossa querida Raw Fury (a mesma do brilhante West of Dead, sim), o jogo nasce dos criadores do primo mais velho Halcyon 6, que também é um RPG tático baseado em turnos.

As ideias convergem e divergem em medidas específicas. Vamos aos detalhes.

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Complexo e simples

Com elementos de rogue-lite (ou rogue-like, se você preferir), a história de Star Renegades se passa em meio a uma rebelião interplanetária contra um império autoritário. Seu objetivo é liderar um pelotão rebelde de soldados numa luta contra um adversário que está em constante evolução – aliás, o ato de falhar cobra um preço muito caro, como manda a cartilha da fórmula rogue-lite. Funciona de maneira similar ao sistema Nemesis, dos condecorados Shadow of Mordor e Shadow of War.

Unindo um forte apelo futurista ao pixel-art que dá o tom certo de crocância à aventura, Star Renegades coloca você contra hordas de criaturas robóticas de vários portes. Embora se repitam, os inimigos apresentam diferentes nuances em cada encontro.

Uma batalha sempre será diferente da outra, assim como a dificuldade, que ainda encontra um certo desequilíbrio na natureza procedural que o jogo tem; é comum se deparar com oponentes mais fortes que o adequado durante o trecho inicial da jornada. Pode ser complexo na mesma medida em que é simples.

Fonte:  Divulgação/RawFury/Bruno Micali 

Pixel-art com toque de elegância

A exploração permite que você veja todos os bonequinhos da sua party na tela. Fãs e órfãos de Phantasy Star e outros RPGs daquela época, isto é, final dos anos 80 e boa parte da década de 90, não vão se sentir desamparados. Isso significa que os inimigos também podem ser visualizados durante as travessias – basta você relar em qualquer um para o jogo transitar seu grupo à sessão de batalha.

Diálogos, partículas e silhueta dos personagens têm aquela magia de outrora, quando pixels explodindo na tela – novamente, os sprites – reinavam em nossas tardes de Chrono Trigger, Grandia, Breath of Fire e afins. Star Renegades tem um cadinho disso tudo e mais um pouco.

A trilha sonora, por sua vez, consegue ser surpreendentemente marcante, intercalada por tons menores e maiores divididos em muitos sintetizadores, beliscando o eletrônico com o sinfônico em bom equilíbrio. Se cabe minha humilde recomendação, jogue de fones de ouvido.

--Fonte:  Divulgação/Raw Fury/Bruno Micali 

Combate delicioso

Star Renegades combina um sistema de batalha tático e baseado em turnos, dentro do padrão Paper Mario, Final Fantasy e afins, só que com algumas mudanças e complementos que dão ênfases diferentes às batalhas, especialmente o sistema de interrupções e contra-ataques que o jogo apresenta, estimulando uma iniciativa muito maior do jogador.

Basicamente, a experiência convida você a não ficar passivamente esperando as ações acontecerem e ser muito mais, digamos, “reativo” em todo o processo. Destaque para essa espécie de “linha do tempo” que fica na parte superior da tela indicando a ordem das ações: ela representa o “quando” ou o “como” de poder ou não interromper determinados golpes de inimigos, usar cura, ajudar aliados etc.

Com base nessa cadência de combate, você gera os “Crits”, que são ataques críticos capazes de quebrar o escudo, infligir danos severos e penetrar nas armaduras, atingindo diretamente a barra de vida dos oponentes mais fortes – ou seja, os Crits “pulam” esse pedágio da armadura. Há também o “Stagger”, que serve para causar atraso nos golpes inimigos.

--Fonte:  Divulgação/Raw Fury/Bruno Micali 

Adversários inteligentes (talvez até demais)

Seguindo os elementos do pergaminho rogue, a campanha é toda estruturada em missões geradas de forma procedural e apresenta um sistema de adversários inteligentes, em que inimigos do alto escalão evoluem e sobem nos rankings de poder, exatamente como no já mencionado sistema Nemesis, de Shadow of Mordor e Shadow of War.

Quando você morre, toda uma ação em cadeia entra em curso num tabuleiro virtual cheio de peças importantes. Cada jogada é única, desafiadora e jamais poderá ser repetida. O problema é que não há, por enquanto, um balanceamento ideal dessa mecânica – é comum se deparar com inimigos bem acima do seu nível em etapas embrionárias da aventura.

Trata-se de uma questão que pode ser corrigida com futuras atualizações. Por falar nisso, a Massive Damage e a Raw Fury reiteraram que estão comprometidas com o suporte de longo prazo a Star Renegades, seja em correções necessárias ou adição de novos conteúdos.

--Fonte:  Divulgação/Raw Fury/Bruno Micali 

Conteúdo no capricho – e no longo prazo

Em Star Renegades, você pode desbloquear dezenas de personagens e alternar entre eles à medida que os membros do esquadrão sobrevivente formam laços e criam descendentes.

No seu caminho até o coração do Império, cada jogada traz eventos únicos, mudanças de prioridade, evolução de inimigos, novos cenários e uma batelada de equipamentos ao seu esquadrão.

O respiro entre algumas batalhas acontece num acampamento, em que você pode compartilhar melhorias entre os membros do grupo e, assim, aumentar o elo de amizade entre eles, podendo desbloquear até mesmo ataques em conjunto. Os pontos de relacionamento, portanto, se traduzem em mecânicas também, não apenas em mudanças de diálogo ou linha de história.

São 13 classes de heróis com poderes e habilidades diferentes; mais de 45 variações de personagens desbloqueáveis com base nessas 13 escolhas; mais de 30 classes únicas de inimigos e 6 Behemoths distintos; 3 planetas com dungeons, templos e fortalezas do Império. Por fim, há mais de 50 mapas cuidadosamente criados com uma infinidade de variações e, é claro, muito loot. Traduzindo em miúdos: é conteúdo pra dar e vender.

--Fonte:  Divulgação/Raw Fury/Bruno Micali 

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Veredito

Em tons diferentes e ao mesmo tempo similares, Star Renegades é um berço de boas ideias unidas a um sistema de progressão capaz de viciar qualquer desavisado. Já fica, portanto, o meu singelo aviso.

O desequilíbrio da dificuldade, num momento da jornada em que o jogador ainda pode estar se familiarizando com as mecânicas, pode afastar alguns, embora isso também faça parte da cartilha do rogue-lite. A Massive Damage está em constante contato com a comunidade e já prepara um caminhão de atualizações.

Em linhas gerais, Star Renegades se constrói em pilares que funcionam absurdamente bem, com um sólido sistema de combate e uma trilha sonora pontuada por sintetizadores que vão encher os olhos (e ouvidos) dos saudosistas de plantão.

Só faltou essa crocância ser mastigável – o cheiro é delicioso e pode ser sentido de longe.

Star Renegades foi gentilmente cedido pela Raw Fury para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Ótimo sistema de progressão
  • Combate consegue achar brechas diferenciais dentro do conhecido sistema baseado em turnos
  • Pixel-art do melhor quilate
  • Muito conteúdo pensado para o longo prazo
Pontos Negativos
  • Dificuldade desbalanceada no início pode afastar marinheiros desavisados
  • O pilar procedural ainda precisa de ajustes