Review: o que achamos de Super Mario Run, o novo jogo mobile da Nintendo

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Com um misto de animação e desconfiança, o público recebeu em setembro de 2016 a notícia de que o personagem mais icônico da indústria enfim passaria de consoles e portáteis para tablets e smartphones. Super Mario Run foi apresentado em uma conferência da Apple, e os meses que seguiram geraram um misto de emoções nos fãs de longa data da companhia japonesa. Afinal, será que a conservadora companhia que relutou em entrar nesse mercado saberia interpretar a nova linguagem, agradar os fãs de longa data e ainda conquistar toda uma nova geração que não cresceu com aparelhos como o Super Nintendo?

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Desenvolvido em parceria com a DeNa, Super Mario Run chegou em 15 de dezembro na App Store, com exclusividade temporária para dispositivos da Apple. Se vale a pena desembolsar os US$ 9,99 para desbloquear o conteúdo completo do game e se o espírito da franquia criada por Shigeru Miyamoto ainda está presente nesse novo título é o que você vai descobrir nesta análise.

O bom e velho Mario

Se você sabe passar o World 1-1 de Super Mario Bros. e manja a localização de cada fase secreta de Super Mario World, não vai sentir muito estranhamento: Super Mario Run é um game do Mario e ponto. Com a Nintendo jogando seguro, os gráficos são bem trabalhados e praticamente emulam o visual de New Super Mario Bros. e suas continuações. As cores são bem vivas, os cenários são criativos e cheios de detalhes (seja no fundo ou no próprio level design) e não há qualquer problema de desempenho — ao menos em dispositivos mais modernos, como o iPad Air e o iPhone SE, no qual fizemos os testes. Especialmente em telas maiores, tudo fica ainda mais deslumbrante.

A lista de mundos: tudo cheio de referências e homenagens

Os sons de quando você pega uma estrela, a aceleração de quando Mario está a poucos segundos do fim do tempo para completar a fase ou quando ele cresce graças a um cogumelo... estão todos lá. E cada fase possui ao menos um elemento clássico da franquia, sejam inimigos (de Boos e do Lakitu aos Bullet Bills) ou cenários (sempre há um chefe em locais como o navio voador de Super Mario Bros. 3 e o castelo de Bowser em suas várias encarnações). Cada fase é praticamente um resumo ou uma homenagem, e o resultado é o aproveitamento de elementos de toda a série.

Correndo para a vitória

A jogabilidade é o fator que mais preocupava e, felizmente, não há qualquer tipo de desapontamento. É verdade que você não é tão livre para coordenar os movimentos de Mario, mas a corrida automática do encanador bigodudo é tão divertida quanto movimentá-lo com um direcional. Os comandos de salto respondem bem aos comandos e os itens e as setas especiais dão uma “apimentada” na experiência.

A jogabilidade é o fator que mais preocupava e, felizmente, não há qualquer tipo de desapontamento

Quem viu qualquer material de divulgação sabe bem como o game funciona: Super Mario Run é um membro diferente da família dos “endless runners”, aqueles títulos em que o personagem corre sozinho por uma fase que vai expandindo na horizontal. O seu trabalho é, basicamente, saltar na hora certa e coletar itens ou escapar de inimigos — chegando até o final de um nível ou então indo o mais longe que conseguir.

Basicamente, o seu objetivo é alcançar o fim do nível coletando o máximo de moedas que conseguir e bater o recorde de pontos. Porém, a ideia é também juntar todas as moedas coloridas (que começam na cor rosa e mudam de tom e posição depois de coletadas uma vez).

Você encara níveis clássicos e até os chefões

O tutorial que abre o game (e pode ser acessado a qualquer momento) explica bem todos os conceitos da jogabilidade e deixa pessoas de todas as idades prontas para encarar a campanha. E vale lembrar que todos os menus estão em português do Brasil, algo bastante positivo se considerarmos a atual falta de representatividade da companhia japonesa no país em suas outras áreas.

A febre de moedas

Ao todo, são três modos de jogo em Super Mario Run. De ação, há primeiro o modo campanha (chamado de “Mundos”, com seis conjuntos de quatro fases cada). Dá para tentar também o “Corridas”, em que você compete online contra outros desafiantes — na verdade, “sombras” baseadas no desempenho e na pontuação de outros gamers. Quem conseguir mais moedas e acrobacias para conquistar a plateia formada por Toads leva os cogumelos coloridos para si e aumenta a posição no ranking.

As corridas e a construção do reino, respectivamente

O terceiro modo de jogo é um gerenciador do Reino dos Cogumelos, no qual você constrói o próprio espaço com casas para os seus assistentes e outros objetos de decoração. Esse é de longe o pior atrativo de Super Mario Run, já que é extremamente simples e limitado, servindo apenas para quebrar o ritmo de adrenalina e dar alguma utilidade aos itens coletados. Acumular Toads coloridos resulta em desbloquear personagens como Yoshi e Luigi, então preste atenção em quem você vai desafiar para ganhar mais unidades. Só fique atento, pois perder partidas faz a sua quantidade de personagens também diminuir.

Não é só um “joguinho de celular”

Ao ler a descrição dos modos de jogo e de como controlar Mario, pode passar pela cabeça de muita gente que esse é só mais um título mobile que não merece qualquer atenção. Porém, Super Mario Run consegue surpreender, ainda mais depois de algum tempo de jogatina.

O jogo é mais difícil do que parece e algumas das fases mais avançadas contam com uma dificuldade bastante desafiadora. A quantidade de mundos pode parecer pequena à primeira vista, mas ela se torna bem agradável se levarmos em conta que é preciso virar um mestre em cada fase — e isso leva tempo. Coletar as moedas coloridas envolve uma precisão absurda, um pouco de sorte e boa memória para decorar cada nível durante as repetições.

Vivendo e aprendendo

Acontece que a Nintendo ainda precisa aprender direito a jogar em um mercado tão diferente quanto o de tablets e smartphones. Nessa indústria, as pessoas se esquecem dos títulos facilmente e desinstalam apps sem dó quando enjoam ou precisam de espaço. É necessário sempre atualizar o jogo com conteúdo e lembrar o usuário de que vale a pena dar uma visitada nele ao menos uma vez no dia. E se Super Mario Run não receber novidades, corre o risco de ser esquecido nos celulares ou tablets de muita gente.

Se Super Mario Run não receber novidades, corre o risco de ser esquecido nos celulares ou tablets de muita gente

Outro fator negativo é a obrigatoriedade de uma conexão com a internet para jogar, mesmo que seja o modo offline dos mundos. Isso praticamente acaba com o fator portabilidade, que é justamente você poder saltar por cima de Goombas e tartarugas se você estiver no ônibus, na fila do banco e por aí vai. E, como o game consome bastante internet móvel, só quem tem um plano bem generoso ou um WiFi próximo é que realmente consegue aproveitar.

Ver essa tela é muito frustrante, acredite

Além disso, a estratégia de venda da Nintendo foi no mínimo questionável, já que ainda existe certo bloqueio de muita gente em gastar nessas plataformas. Tudo bem que nem todo jogo mobile precisa ser free to play ou totalmente grátis, mas o valor de 10 dólares é um pouco exagerado, ainda mais para uma estreia. Além disso, a falta de qualquer previsão de lançamento para dispositivos Android deixou a comunidade furiosa — e há o risco de o hype já ter passado quando ele finalmente desembarcar no sistema operacional mais usado em todo o mundo.

Vale a pena?

Deixe o preconceito de lado! Super Mario Run está longe de ser o pesadelo que muitos imaginavam, apesar de não atingir a complexidade de um Mario no nível dos títulos para Nintendo 3DS — algo que desde o começo ele nunca se propôs a ser. O game tem defeitos em várias áreas, mas é um bom título de estreia da série nos dispositivos móveis e demonstra todo o potencial das franquias da Nintendo.

O título apresenta uma jogabilidade bem desenvolvida ao aproveitar um gênero mais simples dos smartphones e gráficos de alta qualidade, remetendo aos games clássicos, mas com uma roupagem mais atual. Os modos de corrida e campanha são divertidos, bem variados e absurdamente empolgantes. Você vai ficar viciado antes do que imagina e passar um bom tempo tentando o melhor desempenho possível.

Por outro lado, é claro que o jogo tem suas limitações no uso de itens, no tamanho das fases e nos movimentos de Mario, mas tenha em mente que a ideia é justamente ser mais simples. Além disso, o preço alto para os padrões da loja e a necessidade de estar sempre online são realmente problemas — e a empresa pode perceber isso e testar outros formatos no futuro.

Super Mario Run pode ser considerado o começo de um belo triângulo amoroso entre você, a Nintendo e o mundo mobile

Em pequenas doses diárias, a aventura não enjoa e pode ser um bom investimento (ou presente!) para este final de ano. Depois de um experimento mais obscuro com Miitomo e uma terceirização muito bem-sucedida com Pokémon GO, Super Mario Run pode ser considerado o começo de um belo triângulo amoroso entre você, a Nintendo e o mundo mobile.

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