Review: smartphone Multilaser MS70

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A cada dia que passa, mais e mais pessoas vêm investindo no mercado de aparelhos intermediários. De um lado, os donos de celulares de entrada estão em busca de algo mais poderoso para permanecerem conectados com uma boa experiência; do outro, entusiastas pelos modelos de ponta têm cada vez menos motivos para investir em um novo smartphone top de linha, devido aos preços elevados e à diferença cada vez menor de hardware.

Acredito que foi pensando em conquistar o público desse mercado que a Multilaser lançou um de seus novos aparelhos, o MS70. Com um hardware que prometia ser suficiente para quem é um pouco mais exigente – a um preço um pouco mais salgado, é claro –, o dispositivo vem para ser uma opção de alta relação custo-benefício.

Se ele conseguiu isso? Bem, depois de passar algumas semanas com ele em mãos e colocá-lo em diversos testes, cheguei a uma conclusão, que você pode ver se continuar lendo.

Simples, mas funcional

À primeira vista, o Multilaser MS70 mostra bem a que veio. Em resumo, seu visual não é nada que surpreenda, mas também não é nem de longe algo que decepciona. Com um design limpo e pouco chamativo, o smartphone mostra uma carcaça bem construída, daquelas que parecem feitas para aguentar alguns acidentes, e uma boa distribuição de peso, que o diferencia daqueles celulares de brinquedo.

Mesmo passando perto dos dispositivos de seis polegadas, o MS70 também me agradou bastante por ser confortável de segurar (ao menos na maioria das situações, mas falamos disso mais à frente). O posicionamento dos botões e as dimensões do aparelho em momento nenhum atrapalharam seu uso, tampouco foram incômodas ao carregar o dispositivo nas mãos por longos períodos.

No visual, o Multilaser MS70 acerta em cheio, tendo um design simples, mas que traz seu charme

Ao ligar o aparelho, outra surpresa positiva: a tela do MS70 tem uma qualidade respeitável, sendo de longe o aspecto que mais me agradou. Além de trazer um display grande, com uma densidade de pixels em par com a maioria de seus concorrentes em respeitosos 376 ppi, o smartphone tem cores vivas que trazem uma ótima experiência na hora de ver vídeos, ler e jogar.

Novamente, não espere algo com uma qualidade altíssima como veria em marcas maiores ou modelos mais poderosos, por exemplo, no Galaxy S8 ou no LG G6. Mas preciso admitir que, para a faixa de preço oferecida, o MS70 não se saiu nada mal.

Poderoso só para o mais básico

Como falei de início, o MS70 tem tudo para ser poderoso para a categoria. Afinal, basta conferir os dados mostrados na tabela abaixo para ver que ele oferece tanto quanto a maioria dos dispositivos de sua faixa – e em alguns aspectos até mais, como os 3 GB de memória RAM, não tão comuns em seu meio.

De fato, cheguei a acreditar que esse seria o caso ao testar tarefas mais simples com o aparelho. Nessas situações, como ao alternar entre aplicativos ou mesmo abrir um bocado de páginas de internet, o MS70 se saiu bem, permitindo uma navegação fluida com o dispositivo durante o dia a dia.

Infelizmente, foi só começar a pedir um pouco mais do aparelho para que ele começasse a ceder. Abrir páginas mais pesadas ou rodar games 3D rapidamente resultou em pequenos engasgos, seguidos de um aquecimento vertiginoso do aparelho que, por sua vez, causou mais lentidão. Em nenhuma vez isso chegou ao ponto de tornar seu uso impossível, mas definitivamente foi decepcionante ver um hardware supostamente potente fraquejando por tão pouco.

Acha que estou exagerando? Então basta conferir abaixo os benchmarks que fiz para que fique claro que este infelizmente é o caso. Mesmo em comparação a aparelhos em uma faixa de preço menor, o MS70 apresenta um desempenho inferior; quem dirá então lado a lado com dispositivos intermediários mais poderosos, como o Moto G5.

Mesmo com um hardware cheio de potencial, o aparelho começa a engasgar assim que é colocado para trabalhar

Ao menos, em compensação, o aparelho já é um daqueles que finalmente vêm com mais do que apenas 16 GB de memória. Apenas não se deixe enganar pelas letras miúdas: embora a Multilaser destaque um armazenamento de 64 GB, basta ter olhos mais atentos nas propagandas para notar que só metade desse espaço vem do dispositivo em si, sendo que os outros 32 GB vêm de um armazenamento externo. Visto que o celular já vem com um micro SD na caixa, podemos deixar essa passar.

Benchmarks

Para descobrir como o Multilaser MS70 se sai, o TecMundo, como de costume, submeteu o aparelho a uma série de benchmarks que avaliaram o desempenho do hardware do smartphone. São diferentes plataformas, mas a ideia é a mesma: quanto maiores os números nos resultados, melhor.

Aqui você confere os três softwares que usamos para os testes – 3D Mark, AnTuTu Benchmark 6 e Vellamo Mobile – e os resultados do MS70 em todos eles, comparados lado a lado com outros aparelhos recentes em faixas de preço semelhantes. Não entende nada sobre esses softwares? Não se preocupe, pois nós explicamos o que é avaliado neles logo abaixo.

3DMark

Considerado um dos principais aplicativos de benchmark para chips gráficos (tanto em computadores quanto em celulares), o 3D Mark verifica as capacidades para renderização de texturas, polígonos, efeitos e filtros que são comumente utilizados em jogos. Para evitar distorções nos resultados, nós rodamos o Ice Storm Unlimited, que verifica a capacidade do chip gráfico independente da resolução.

AnTuTu

É muito complicado averiguar a performance geral de um celular apenas com base na experiência de uso, uma vez que as configurações de hardware atuais entregam resultados similares. Assim, a utilização de um aplicativo especializado é bastante útil. Nós costumamos usar o AnTuTu para esse tipo de tarefa, uma vez que ele testa interface, CPU, GPU, armazenamento e memória RAM.

Vellamo Mobile

Em tempos em que navegação na web se tornou a principal atividade de muitos usuários, um benchmark para averiguar as capacidades dos celulares para tal funcionalidade é de suma importância. Para tanto, nós usamos o app Vellamo Mobile Benchmark, que faz dois testes: HTML5 e Metal. O primeiro avalia o desempenho do navegador; o segundo verifica a performance da CPU para gráficos na web.

Começou a usar e já ficou sem energia

Ficou decepcionado com os resultados do aparelho nos testes? Pois lamentamos informar que o MS70 não se sai muito melhor com relação ao consumo de energia. Mesmo com uma bateria generosa de 3.000 mAh, o smartphone tem uma duração ridiculamente baixa quando em uso – de fato, tendo o pior desempenho de todos os dispositivos que chegamos a testar em 2017.

Antes de tudo, que a verdade seja dita: em meu tempo testando o aparelho com uso apenas moderado, o MS70 não deixou a desejar, durando, em média, pouco mais de um dia de uso. Nesse sentido, o dispositivo não foi ruim, considerando que muitos celulares mal chegam até o fim do dia sem precisar de uma tomada.

De todos os aparelhos que testamos em 2017, esse foi o modelo com pior duração em uso

Já quando coloquei o dispositivo em nosso teste de bateria... Bem, digamos que “ruim” foi pouco para descrever o resultado. Basicamente, nossa simulação consiste em executar um vídeo de uma hora no YouTube pelo aparelho, com WiFi ligado e a tela no brilho máximo, fazendo três medições em intervalos distintos. A partir disso, extrapolamos a duração da bateria de maneira precisa.

Como falei antes, o desempenho estimado do aparelho foi terrível. Perdendo 30% de sua carga por hora, o MS70 tem uma autonomia de pífias 3 horas e 20 minutos, na melhor das hipóteses. Mesmo o antigo “lanterninha” de bateria – o LG K10 – conseguiu passar das 4 horas de duração.

Muitos megapixels para poucos resultados

Sabe aquilo que nós do TecMundo vivemos dizendo sobre muitos megapixels não significarem exatamente uma boa câmera? Pois bem, o Multilaser MS70 é um exemplo perfeito disso. Apesar da promessa de 16 MP de sua câmera traseira, ela tira fotos de péssima qualidade, com baixa fidelidade de cores e um incômodo acabamento “granulado”, além de não conseguir trabalhar com o menor movimento.

O MS70 até vai bem nas gravações, mas na hora das fotos os 16 MP nada ajudam para imagens de qualidade

Não adianta achar que colocar a câmera em diferentes iluminações pode ajudar nesse sentido. Como você pode conferir pela galeria abaixo, todas as áreas bem iluminadas acabavam ficando esbranquiçadas ao ponto de estragarem a imagem, enquanto a mínima queda na luz transformou a foto em uma sombra borrada.

Isso, em boa parte, é resultado do foco lento e pouco eficiente da câmera, o que quer dizer que dá para diminuir parte do problema ajustando o foco da foto manualmente – se tiver paciência suficiente para tentar encontrar um ponto que ajuste a imagem. Mas mesmo nessas horas a abertura ruim das lentes ainda resulta em capturas em que a iluminação sempre parece ser sua pior inimiga.

Quanto às selfies? Infelizmente, a situação é ainda pior. Os problemas são os mesmos, apenas com a diferença de uma resolução de imagem inferior.

Em compensação, a qualidade dos vídeos do aparelho foi um ponto impressionante. Apresentando uma definição que parecia não existir nas fotos com o dispositivo, o MS70 fez gravações nítidas em 1080p e a 60 quadros sem a menor dificuldade.

Junto disso, o MS70 traz um aplicativo extremamente simples e versátil para sua câmera. Com destaque para seu recurso de filtros, o app pode não ser estiloso, mas definitivamente ganhou pontos por ser realmente fácil de controlar – além de trazer uma quantidade razoável de opções de configuração e ser rápido na hora de tirar fotos. A presença de um botãozinho físico na lateral do celular só para capturas, aliás, torna tudo ainda mais direto.

Acessórios baratos

Infelizmente, as decepções continuam até mesmo nos acessórios do celular. Inclusos como parte da compra, o celular da Multilaser traz três capinhas coloridas (que mudam de acordo com o kit escolhido) que vêm não apenas para proteger o aparelho, como também dar maior segurança na hora de segurá-lo – o que seria perfeito para mãos mais desastradas, não fosse o fato de que a superfície da capinha parece feita de lixa.

Quem dera estivesse brincando, mas esta é definitivamente a sensação que tive ao tentar usá-las. Apesar de bonitinhas, suas superfícies são ásperas, tornando qualquer utilização do aparelho desconfortável. A sensação é ainda pior nas bordas dos cases, que são exageradamente afiados e machucam ao tocar, principalmente se quiser segurar seu celular com apenas uma mão.

Como não poderia deixar de ser, os acessórios também incluem um par de fones de ouvido intra-auriculares. Mas não poderia os recomendar menos: a qualidade do áudio é baixíssima, tomada por chiados e com volume fraco. Ao menos elas são confortáveis de usar, mas isso não faz muita diferença quando praticamente qualquer fone do mercado faria um trabalho melhor.

Vai uma propaganda?

De todos os pontos em que o Multilaser MS70 decepciona, absolutamente nada é mais frustrante do que as propagandas – sim, propagandas – que vêm inclusas no sistema operacional. Parte do aplicativo “Atualização Multilaser”, a ferramenta frequentemente envia avisos de ofertas de todo o tipo de produto para o dono do aparelho, na forma de notificações frequentes.

Acredite se quiser, o MS70 traz propagandas 'de fábrica' com um app que não pode ser desinstalado

A boa notícia é que você pode desligar essa opção. A má notícia é que, uma vez que o serviço não dá indícios claros do aplicativo causador dessas notificações, muitos usuários menos informados simplesmente não vão nem saber qual é o culpado dessas propagandas; quem dirá então conseguir desligar as ofertas. E não adianta achar que vai se livrar por completo do problema, já que o app não pode ser desinstalado.

Vale a pena?

Tenho que admitir que, no começo, fiquei muito impressionado com todo o potencial oferecido pelo MS70. Tudo nele, do visual ao hardware e seus acessórios, pareciam prometer um dispositivo que abria mão das “frescuras” para oferecer uma boa experiência de uso. E, de fato, ele até conseguiu fazer isso – mas só enquanto foquei no mais simples.

A partir do momento em que comecei a pedir mais dele, foi como se todos os números se mostrassem uma grande mentira. Não só o hardware dele se saiu aquém do que esperado de algo com especificações como essas, como também sua bateria, câmera e acessórios deixaram a desejar. E nem preciso falar da parte das propagandas, que, sozinhas, já me fariam pensar dez vezes antes de investir meu dinheiro nesse aparelho.

É claro que, para quem utiliza seu celular apenas moderadamente, o Multilaser MS70 pode sim funcionar. Mas nada justifica seu preço: pelos R$ 1.199 necessários para adquiri-lo na loja oficial da empresa, você poderia levar aparelhos muito mais poderosos. Mesmo os R$ 990 pelos quais ele está disponível em outros sites não compensam, visto que ainda há muitos dispositivos nessa mesma faixa que são muito melhores – vide o Galaxy J7 Prime, o LGK 10, o Moto G5... E a lista continua.

Em suma: apesar de cobrar o preço de um aparelho intermediário, você tem apenas um dispositivo de entrada. Convenhamos que é difícil imaginar como valeria a pena investir em algo assim. Talvez na faixa dos R$ 800 ou R$ 700, mas definitivamente não pelo valor original.

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Opções de compra

Multilaser MS70: - https://bit.ly/2Qpuivw

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