Nesta terça-feira (30), o governo da Etiópia bloqueou o acesso à internet em todo o país para conter protestos contra o recente assassinato de Haacaaluu Hundeessaa, um famoso cantor e ativista.
As manifestações começaram após esta segunda-feira (29), quando o cantor foi morto com um tiro na capital Addis Ababa. Esta ocorrência causou indignação à população que começou a protestar por mais informações e justiça — o que levou, então, ao bloqueio da internet, como informa o site Access Now.
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Hundeessaa ficou conhecido pelo efeito político de suas músicas que causaram, inclusive, a troca do último primeiro ministro. No entanto, ele fazia parte do grupo étnico Oromo, que tem um longo histórico de repressão no país.
Imagem do cantor Haacaaluu HundeessaaFonte: Dagi Pictures/Reprodução
Até agora, mais de 80 pessoas foram mortas nos protestos. Segundo informações divulgadas pelo Reuters, a polícia militar foi enviada para Addis Ababa na quarta-feira (01) para reforçar a ação contra os manifestantes.
"Acesso a informações confiáveis é essencial em tempos de crise e emergência, e esse atual bloqueio da internet está causando confusão, impotência e ansiedade entre à população", afirmou a analista sênior de políticas no Access Now, Berhan Taye.
Etiópia e os bloqueios à internet
Esta não é a primeira vez que a população de 102 milhões etíopes é impedida de acessar à internet. Esta medida é adotada pelo governo da Etiópia há anos, seja para impedir processos democráticos ou para conter manifestações populares.
Em 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou o relatório do Special Rapporteur sobre a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão.
No documento, a ONU afirma que desconectar as pessoas da internet é um crime e uma violação dos direitos humanos.O relatório ainda destaca que nenhum Estado pode interromper o acesso à internet nem mesmo em situações de crises políticas, sejam internas ou externas.
Fontes