Meizu M5 Note: análise/review

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A Vi trouxe mais um smartphone da Meizu para o Brasil, e desta vez temos um aparelho bonito e sólido, mas que apresenta um pouco de dificuldade de se encaixar no mercado brasileiro. Isso porque a qualidade de construção do M5 Note é similar à dos intermediários premium — quais como Galaxy A5 (2017) e Moto Z Play —, mas hardware similar ao dos intermediários básicos, como Moto G5, LG K10 Novo e Galaxy J7 Prime.

Como o grande apelo dele é o design mais elegante e a sensação de maior solidez que passa durante o toque, o preço do celular ficou pendendo mais para os dispositivos premium do que para os básicos. Será que ele consegue achar um espaço no mercado brasileiro?

Design para durar

Ao que parece, o Meizu M5 Note é bem resistente. Ao pegá-lo nas mãos, você nota que se trata de um aparelho sólido. Claro que não dá para saber se ele consegue aguentar mais tombos que outros dispositivos da categoria, mas, pelo menos, a sensação que ele transmite é boa. O metal do qual ele é construído tem um acabamento bem bonito e não tão liso quanto você poderia esperar.

A qualidade de construção e o acabamento do aparelho se assemelha muito com a do Galaxy A5 (2017), do Moto Z Play e do ZenFone 3 Zoom. Contudo, seu hardware é consideravelmente inferior.

No que diz respeito ao design em si, eu posso afirmar que o aparelho é bonito. Na verdade, o acho mais bonito que seus principais concorrentes, da Motorola, LG e Samsung. Isso porque seu visual é mais sóbrio e minimalista. Isso garante ao celular um aspecto mais elegante e discreto.

Se eu for dar uma forçada na barra, dá para dizer também que ele se parece um pouco com alguns outros dispositivos do mercado mobile. Ele é quase uma mistura do iPhone 7 com o OnePlus 3T. Mas isso é basicamente por conta das linhas das antenas na carcaça.

E esse desempenho?

Nesse ponto, o M5 Note mostra definitivamente que faz parte dos intermediários mais básicos. Ele vem com um chip MediaTek Helio P10, junto com 3 GB de RAM, e consegue resultados de benchmark muito similares aos do Moto G5, Galaxy J7 Prime e de alguns outros modelos dessa linha. Entretanto, ele não ficou em primeiro lugar em nenhum dos nossos testes. Confira os resultados:

O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 6 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes ao aparelho: HTML5 e Metal. No primeiro deles é avaliado o desempenho do celular no acesso direto à internet via browser. Já no teste Metal, o número final indica a performance do processador. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Quanto ao uso cotidiano, o aparelho se mostrou bastante eficiente

Quanto ao uso cotidiano, o aparelho se mostrou bastante eficiente. É possível usar ferramentas de redes sociais, mensageiros, navegadores web e outros sem qualquer tipo de dificuldade ou maiores momentos de lentidão. Para jogos, por outro lado, o smartphone pode sofrer em alguns casos. Títulos com altas taxas de frames por segundo, como Horizon Chase, mostrando algumas quedas nessa taxa, que foram bem perceptíveis em alguns momentos. Isso não chegou a prejudicar a jogatina, mas eu imagino que, em algum game que seja ainda mais frenético, o problema possa ser mais incômodo.

Essa mesma situação foi conferida em menor escala em Need For Speed Most Wanted, mas não em Uncharted Fortune Hunter. Isso é curioso porque os principais concorrentes desse aparelho rodaram esses jogos com mais estabilidade, mesmo tendo, em teoria, GPUs menos poderosas.

Notar isso no M5 Note foi um tanto decepcionante, porque o smartphone custa R$ 1,6 mil no pagamento parcelado, um valor significativamente mais alto em relação aos aparelhos comparados. Ou seja, ele é mais caro, porém menos capaz que os concorrentes da categoria.

Um display ok

A tela do M5 Note é decente para a categoria. A diagonal do IPS LCD mede 5,5’’ com resolução Full HD. Isso garante uma densidade de 403 pixels por polegada, mais que suficiente para permitir um uso confortável. Como esse dispositivo não é adequado nem tem acessórios para realidade virtual, não há necessidade para maior qualidade.

Em questão de qualidade, esse visor é similar ao do Galaxy J7 Prime, da Samsung. Porém, é notável o fato de o smartphone da coreana conseguir alcançar um nível de brilho mais intenso. No que toca a reprodução das cores, ambos são bem comparáveis e, no geral, melhores que o Moto G5, da Motorola.

Um “sistema operacional” diferente

A Meizu chama o Flyme de sistema operacional, mas, na verdade, estamos diante de uma versão bem personalizada do Android. O software do aparelho conta com uma estrutura bem diferente do que você está acostumado a ver em dispositivos de marcas mais famosas, mas é necessário ressaltar que a interface melhorou muito nos últimos anos.

O primeiro celular da Meizu que testei aqui no TecMundo, há cerca de dois anos, tinha uma quantidade incontável de problemas de software. Tudo era muito instável, e as configurações ficaram bastante escondidas, sob menus que não diziam muita coisa. Hoje, a história é bem diferente.

Nada mudou na questão estética, mas, em estabilidade, é como comparar água e vinho. Tudo funciona com uma fluidez digna de top de linha, e há muitos recursos de personalização diferentes do que estamos habituados.

O Flyme OS é uma versão do Android simplificada

Contudo, essencialmente, o Flyme OS é uma versão do Android simplificada. Muitas ferramentas e funções foram removidas para que só ficasse o essencial. Para você ter uma ideia, só a Play Store e o Google Maps estão pré-instalados no M5 Note entre os apps do pacote Google. A primeira unidade que recebemos não tinha nem isso e, ainda por cima, não permitia a instalação por fora. Nós pedimos um novo exemplar, e este veio com tudo certinho, sem qualquer problema. Caso você compre o M5 Note e perceba algo desse tipo, solicite uma troca o quanto antes.

Na questão visual, a interface é mais parecida com o iOSdo que com o Android Puro e existe um ponto bem negativo: a forma como o Flyme OS lida com notificações. Não há a possibilidade de responder em linha nem de expandir esses elementos para conferir mais dados. Notificações de um mesmo app não se agrupam, e os atalhos de WiFi, Bluetooth e outros não funcionam como você poderia esperar e, para completar, têm um design desagradável, em minha opinião.

Há uma série de outros pontos da interface que eu não gosto, mas todos são bem mundanos, e um usuário mais básico talvez nunca os note ou se incomode.

Bater fotos

Fotografia não é o forte do Meizu M5 Note. O aparelho não consegue acompanhar seus principais adversários, Moto G e Galaxy J7 Prime, nesse departamento, pois as imagens que ele captura não ficam muito nítidas. Isso acontece porque o foco não trabalha muito rápido nem de forma precisa o suficiente para deixar tudo bonitinho.

As fotos produzidas pelo aparelho não ficam tão boas nem mesmo sob a luz do Sol, situação que normalmente gera ótimos resultados em praticamente qualquer smartphone. Sendo assim, as capturas feitas com iluminação artificial, especialmente à noite, também ficam ruins. Contudo, existe um ponto positivo: o app da câmera é bem rápido e conta com uma série de elementos para personalizar as imagens.

A câmera de selfies segue mais ou menos o mesmo caminho, o que não faz do M5 Note um aparelho ideal para aquelas pessoas mais viciadas nesse tipo de fotografia.

Um dia de uso

Esse aparelho da Meizu não tem maiores problemas de autonomia de bateria, e realmente não deveria. O smartphone tem nada menos que 4.000 mAh, o que é mais que suficiente para fazer o aparelho funcionar por mais de um dia. Contudo, não é esse exatamente o caso.

O M5 Note nunca conseguiu passar para o segundo dia de uso sem antes ser recarregado

O M5 Note nunca conseguiu passar para o segundo dia de uso sem antes ser recarregado, o que é uma pena para um dispositivo com essa capacidade de carga. Ainda assim, ele aguenta bem o tranco com uso intenso, oferecendo autonomia inclusive durante aquelas aulas noturnas ou happy hour depois do trabalho.

No nosso teste de execução contínua de vídeo, o aparelho aguentou 8 horas e 20 minutos com uma carga, uma marca superior à do J7 prime, porém um pouco inferior à do Moto G5. A nossa metodologia para essa avaliação é a seguinte: executamos uma amostra de material no YouTube com exatamente 1 hora de duração. Nesse período, fazemos três medições e extrapolamos um resultado final.

Extras

É interessante destacar ainda que o M5 Note conta com um leitor de digitais muito rápido e preciso embutido no seu botão home, na parte da frente do smartphone. Assim como o sensor biométrico do Moto G5, esse aqui também aceita alguns comandos, mas nada muito elaborado. Com um toque simples, você volta para a tela anterior, e, com um aperto no botão físico, você acaba na home. Para acessar os apps recentes, é necessário fazer um movimento de baixo para cima a partir da borda inferior do display, em uma das laterais do botão home.

Pouca gente ainda se importa, mas é bom avisar: esse aparelho aqui não vem com fones de ouvido na caixa. Isso já é basicamente um costume por parte das fabricantes chinesas, e existe a possibilidade de se popularizar entre as demais marcas presentes no mercado.

O áudio do próprio alto-falante não é lá grande coisa. Ele até consegue um bom volume, mas registra distorções e quando você aumenta muito. Fora isso, é bem fácil abafar completamente a saída ao colocar o dedo na abertura enquanto o usuário joga ou assiste a algum vídeo na vertical.

Vale a pena?

O Meizu M5 Note é um bom celular e tem um desempenho bem satisfatório para o dia a dia. Ele é uma ótima opção para quem não curtiu os celulares intermediários das marcas mais famosas, mas é bom ressaltar que R$ 1.599 é muito dinheiro para se gastar em um celular que compete com o Moto G5 comum e com o J7 Prime.

Sim, ele possui uma qualidade de construção consideravelmente superior, mas, além disso, a única vantagem real é os 50% a mais de RAM. São 3 GB no aparelho da Meizu contra 2 GB nos das demais concorrentes. Pagando à vista, você consegue R$ 1.299, mas isso já é o preço do Moto G5 Plus na sua condição parcelada. Como o modelo da Motorola é bem superior em quase tudo, fica difícil recomendar esse smartphone.

Mesmo assim, eu acho que o M5 Note é um ótimo aparelho para o uso cotidiano, e o software dele, o Flyme OS, evoluiu muito nos últimos dois anos a ponto de se tornar bem utilizável. Entretanto, eu ainda prefiro a interface padrão do Android, mas admito que essa da Meizu tem sim seu apelo e conta com um bom desempenho. Tendo isso em vista, se você encontrar esse smartphone custando algo em torno de R$ 1 mil ou R$ 1,2 mil nos próximos meses, pode comprar que vale a pena.

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Opções de compra: Americanas - SubmarinoShoptime

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