Como a exploração da Floresta Amazônia pode ajudar a protegê-la?

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Nas últimas semanas, as queimadas que vêm acontecendo na Amazônia colocaram não só o Brasil, mas principalmente a floresta sob os holofotes. A atenção do mundo se voltou para nós e não param de chegar propostas e ofertas de ajuda de toda classe focadas na preservação da nossa biodiversidade.

(Fonte: USA Today / AFP/ Getty Images / Victor Voriyama / Reprodução)

Também não faltaram duras críticas e o surgimento de acalorados debates sobre o estabelecimento de mais restrições e criação de leis de proteção ambiental mais duras e o desenvolvimento de planos de manejo sustentáveis para a floresta. Mas uma iniciativa que talvez devesse ser levada mais à sério é a “bioprospecção”.

Bio... o quê?

Como você deve estar cansado de ouvir e ler por aí, a Floresta Amazônica serve de lar uma das mais variadas e ricas coleções de espécies de animais e plantas do planeta. Focando especificamente nas plantas, uma imensa quantidade delas sequer foi descrita cientificamente ainda – e acredita-se que muitas delas tenham enorme potencial medicinal.

(Fonte: PBS / Reuters / Bruni Kelly / Reprodução)

A Indústria Farmacêutica sabe disso e, com frequência, grandes fabricantes iniciam projetos de pesquisa que visam a identificação de princípios ativos, alguns deles inclusive envolvendo comunidades indígenas em busca de obter conhecimento sobre plantas e preparados naturais usados por elas no combate de doenças, com o objetivo de desenvolver novos medicamentos.

Esse estudo e “catalogação” extensiva de plantas, extratos, preparados, substâncias ativas etc. recebe o nome de bioprospecção – e, através dela, existem inúmeras pesquisas em andamento pelo mundo para a criação de drogas e tratamentos para as mais variadas doenças e infecções. Pois, é possível converter essa atividade em uma arma eficaz para a proteção da Amazônia, e só precisamos encontrar maneiras de explorá-la da forma mais sustentável possível.

Abordagem inteligente

Na verdade, não é de hoje que a bioprospecção existe. O problema é que, atualmente, da forma como ela é realizada, a atividade acaba não sendo tão economicamente interessante quanto a exploração de madeira ou da agropecuária, por exemplo.

(Fonte: Nerdist / Reprodução)

Algumas das dificuldades nesse sentido é que, além de o estudo de plantas e a identificação de compostos com potencial medicinal ser um processo demorado – especialmente em se tratando da Amazônia, que abriga uma infinidade de espécies –, frequentemente os princípios ativos dependem de condições extremamente específicas, como determinados estímulos ambientais ou a combinação de fatores climáticos, por exemplo, para se manifestar.

(Fonte: Axios / AFP / Getty Images / João Laet / Reprodução)

Além disso, uma vez as drogas começam a ser desenvolvidas e testadas, os ensaios também levam bastante tempo, e o país onde a floresta se encontra pode ter de esperar anos (quando não décadas) para começar a colher os frutos econômicos desse processo. Contudo, diversos estudos já demonstraram que as florestas poderiam ser protegidas – além de gerar empregos, riquezas e outras tantas vantagens – se a Indústria Farmacêutica estabelecesse laboratórios e equipes de pesquisa para a realização de atividades de bioprospecção e existisse a garantia da geração de benefícios mais imediatos.

Desenvolvimento

Hoje em dia, as fabricantes de medicamentos investem dezenas de bilhões de dólares anualmente em pesquisas e criação de fármacos, e uma boa parcela desse montante poderia muito bem ser investida em países em desenvolvimento. Isso porque, a chegada dessas companhias, ademais de promover a conservação do meio ambiente – uma vez que é nele serão realizadas as buscas por novos princípios ativos e compostos! –, pode impulsionar o desenvolvimento socioeconômico local.

Para isso, é necessário envolver cientistas e estudantes locais nas atividades de bioprospecção, promover treinamentos, financiar pesquisas e estabelecer regras claras para que as ações não causem prejuízos aos recursos naturais locais e se evite o risco da biopirataria. Muitas organizações, entidades e pesquisadores desses países que abrigam florestas já colaboram ativamente com instituições e laboratórios internacionais, então, o potencial para o desenvolvimento humano existe – e é grande.

(Fonte: Agência Brasil / Tomaz Silva / Reprodução)

Uma inciativa dessas, conduzida no Panamá, conseguiu em apenas 5 anos empregar 10 cientistas locais, 57 assistentes e 12 estudantes. Mas, além de gerar postos de trabalho, durante o projeto, 20 jovens conquistaram diplomas universitários, 12 finalizaram ou realizaram trabalhos relacionados com mestrados e diversos iniciaram seus doutorados.

O Brasil, especificamente, que abriga a maior parte da Floresta Amazônica, costuma ser chamado como “Eldorado Farmacêutico” e, além disso, dispõe de entidades científicas e pesquisadores mais do que capazes para participar das atividades. O problema são a imensa burocracia e a falta de incentivos para pesquisas e formação de parcerias internacionais, portanto, precisaríamos solucionar essas questões para atrair investimentos que ajudem no desenvolvimento e na proteção ambiental.

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