Bananapocalipse: fungo que pode dizimar plantações chegou à América Latina

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Já fazia tempo que produtores de bananas de todo o mundo temiam que um fungo capaz de destruir plantações inteiras se espalhasse pelo planeta e pudesse, potencialmente, levar ao colapso dos cultivos e extinção da fruta – como a conhecemos. Pois, após 30 anos causando estragos na Ásia, foi confirmado que o devastador organismo infelizmente chegou à Colômbia, um dos principais exportadores globais de banana.

Bananapocalipse

Na verdade, esta não é a primeira vez que as plantações de bananas da América Latina se tornam alvo de uma possível extinção. Hoje em dia, a variedade que domina 99% das exportações globais é a Cavendish – e praticamente toda a produção se concentra em terras latino-americanas. No entanto, até a década de 50, a banana mais popular era a Gros Michel, que foi dizimada quase completamente devido ao ataque de um fungo da mesma família desse que vem causando estragos pelo mundo. Agora, o risco de que a Cavendish sofra o mesmo destino é bem alto.

(Fonte: Unsplash / Jametlene Reskp / Reprodução)

Segundo Matt Reynolds, do site Wired, o fungo – uma cepa da espécie Fusarium oxysporum conhecida como TR4 – foi identificado pela primeira vez no finalzinho dos anos 80 em Taiwan e, depois de destruir cultivos por todo o sudoeste asiático, acabou infectando plantações em Israel, Austrália, Líbano e Índia. A América Latina tinha conseguido se manter imune ao organismo por todo esse tempo, mas, desafortunadamente, autoridades colombianas identificaram a presença do fungo em cultivos de banana na região norte do país.

Na tentativa de frear a ação do fungo e evitar que o contágio se espalhe, a Colômbia declarou estado de emergência e ordenou a destruição de plantações e o estabelecimento de quarentenas. Contudo, segundo os especialistas, uma vez o organismo é detectado em um país, é incrivelmente complicado se livrar dele – já que o TR4 pode contaminar cultivos muito facilmente.

Futuro incerto

De acordo com Matt, o fungo vive no solo e pode ser transportado de um cultivo a outro através de calçados contaminados e por meio dos pneus dos veículos que circulam pela área. Além disso, a contaminação pode ocorrer por causa de mudas que são desenvolvidas em uma plantação e levadas a outra e também pela água. Como se fosse pouco, o organismo pode permanecer latente durante vários anos e só ser descoberto muito depois de ocorrer a infecção.

(Fonte: Unsplash / Tarikul Raana / Reprodução)

Por conta disso, é possível que o fungo tenha chegado à América Latina faz tempo e o problema seja pior do que se imagina. As medidas adotadas na Colômbia – que incluem a desinfecção de botas e pneus antes e depois de alguém entrar e sair de uma plantação e o monitoramento da saúde do solo – podem ajudar, mas, até hoje, nenhum país foi capaz de impedir a ação do fungo. Para piorar a situação, como a margem de lucro do cultivo de bananas é enxuto, pouco é investido em pesquisas para o desenvolvimento de variedades que sejam resistentes e, assim, a produção acaba se concentrando em um só tipo de banana.

Existem trabalhos em desenvolvimento baseados no cruzamento de espécies de plantas para obtenção de variedades mais resilientes, assim como no uso da técnica de edição genética CRISPR, mas teremos que aguardar até que essas opções ser tornem viáveis e possam ser empregadas mundo afora. Ademais, essa situação com as bananas deixou claro que é necessário repensar as formas de cultivo, já que depender de uma única variedade não é sustentável. Isso que nem estamos considerando aqui outros organismos que podem atacar as plantações ou as variações climáticas resultantes do aquecimento global...

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