Processador AMD Ryzen R5 1600X: review/análise

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Em 2017, a AMD renovou sua linha de processadores com a chegada da família Ryzen. Os produtos desenvolvidos ao longo dos últimos anos ganharam a atenção no começo deste ano, quando a fabricante finalmente disponibilizou os produtos ao público.

Os novos componentes são divididos em três séries: Ryzen 3, focada no consumidor que busca soluções competentes para tarefas multimídia; Ryzen 5, projetada para gamers e profissionais exigentes que necessitam de suporte avançado em atividades gráficas; e Ryzen 7, adequada para entusiastas que pretendem extrair o máximo em tarefas pesadas.

Recentemente, nós testamos o modelo mais poderoso da linha Ryzen 7. Na ocasião, nós comentamos as vantagens do produto, que nos impressionou por seu poder bruto em situações que necessitam extrair cada gota de performance. Apesar de não ser o mais indicado para jogos, o Ryzen 7 1800X se mostrou bem preparado para tais tarefas.

Passado o momento desse top de linha, a AMD decidiu lançar os modelos intermediários da série Ryzen 5. Baseados na arquitetura Zen, os componentes desse segmento chegam para oferecer alto desempenho por preços justos. Será que a AMD tem aqui outros chips que podem surpreender o consumidor?

A fabricante nos enviou o processador Ryzen 5 1600X para uma análise completa. Esse é o modelo mais avançado da categoria, o qual deve competir com o Intel Core i7-7600K. Quais são os benefícios desse chip? Será que ele está mesmo pronto para jogatina de ponta? Acompanhe nosso review para conferir as novidades da arquitetura e o poder desse modelo.

Especificações

Arquitetura Ryzen para jogos

Desde o primeiro anúncio, a AMD deixou claro que tinha mãos uma arquitetura totalmente nova, com um projeto construído do zero para levar inovação e competitividade ao mercado. Conforme percebemos no review do “carro-chefe” da família Ryzen, a fabricante preparou sua tecnologia para criar uma quebra de padrão no segmento.

A série Ryzen deixou de lado o modelo básico que a AMD usava antigamente e adotou uma estrutura muito mais ousada para ampliar a performance nos aplicativos, sem ter de apelar para táticas de força bruta (como era o caso de alguns chips da marca que usavam muita energia para rodar com clocks altos, o que nem sempre era eficaz no uso dos softwares).

O primeiro modelo Ryzen impressionou nesse ponto, porém ainda tínhamos um componente mais focado em atividades pesadas, o que talvez não seja do interesse de consumidores que buscam uma solução para jogos ou atividades rotineiras de multimídia. Assim, a marca nos enviou o Ryzen 5 1600X, que tem especificações mais modestas, mas promete acirrar a competição com os componentes intermediários da Intel.

Tal qual seu irmão mais robusto, o Ryzen 5 1600X opera na frequência dos 3,6 GHz em seu estado padrão e pode chegar ao clock de 4,0 GHz durante as atividades mais exigentes (quando o modo Turbo é ativado). Apesar dessa similaridade, o chip mais poderoso da série intermediária tem menos núcleos e threads.

Ele vem equipado com seis núcleos e pode rodar 12 threads, o que é mais do que suficiente para suportar múltiplos apps e atividades de forma muito eficiente. Equipado com 19 MB de memória cache, esse chip deve se mostrar muito competente para tarefas que demandam mais tempo de processamento.

Apesar das limitações de núcleos e memória (em comparação com o modelo mais poderoso, claro), o Ryzen 5 1600X supostamente apresenta um consumo energético muito similar, já que o TDP informado pela AMD é exatamente igual. Segundo as especificações, o TDP é de apenas 95 watts, o que ainda é impressionante para um componente de seis núcleos.

Conheça a arquitetura Zen

A performance da arquitetura Zen é baseada no paralelismo avançado em nível de instrução. O objetivo é executar as tarefas de forma inteligente e realizar atividades do tipo single thread com mais rapidez. Traduzindo: essa tecnologia trabalha na mínima parte dos procedimentos e realiza múltiplas tarefas lado a lado para incrementar o desempenho.

Em termos de poder de processamento, a Zen representa um salto gigantesco na capacidade de execução em comparação com designs anteriores da AMD, uma vez que abandona conceitos que não são os mais indicados para uma performance superior com os softwares mais modernos.

De acordo com os dados da AMD, a arquitetura Zen apresenta uma janela de agendamento que é 75% maior do que a dos predecessores e 50% a mais em largura de banda e recursos. Essas mudanças permitem à Zen agendar e enviar mais trabalho para as unidades de execução, ou seja, você pode demandar muito do chip e esperar resultados imediatos, pois ele consegue enfileirar várias tarefas, armazenar muitos dados na memória e dar retornos com rapidez.

Essa novidade também ganha uma unidade parecida com uma rede neural de predição que permite ser mais inteligente ao preparar instruções e caminhos para futuros trabalhos — ela entende como os softwares trabalham e agiliza as etapas das atividades em repetições futuras. Finalmente, os produtos baseados na Zen podem usar SMT (Simultaneous MultiThreading) para aumentar a utilização do pipeline de computação com cargas mais úteis.

Mudanças substanciais na taxa de transferência

A taxa de dados melhorada no cache e nos motores do prefetch da arquitetura Zen, além de um gerenciamento aprimorado no pipeline através de multithread, possibilita que o processador trabalhe com mais dados e entregue resultados em menos tempo.

Uma das principais mudanças na arquitetura Zen foi a revisão na hierarquia da memória cache. Ela apresenta 64 KB de I-Cache em nível L1 dedicado para instruções, 32 KB de D-Cache em nível L1 dedicado para dados, 512 KB de cache em nível L2 para cada núcleo e 8 MB de cache L3 compartilhado entre quatro núcleos.

Fazendo as contas, podemos entender como os seis núcleos, cada qual com 96 KB de cache em L1, totalizam os 576 KB de cache informados pela AMD para o Ryzen 5 1600X. Da mesma forma, os 512 KB de cache L2 somados totalizam os 3 MB que, juntos com 16 MB de cache L3, resultam nos 19 MB total de memória cache.

O novo sistema de memória cache da arquitetura Zen é aumentado com um prefetcher dotado de aprendizagem sofisticada, que especulativamente colhe dados das aplicações no cache e mantém disponível para execução imediata. A soma dessas mudanças aproxima o cache do núcleo de tal forma que a largura de banda pode aumentar em até cinco vezes.

Muito mais eficiente

Com metodologias de design de baixo consumo para gerenciar de forma inteligente a energia em estados de atividade e ociosidade, a arquitetura Zen apresenta modos de extrair todas as capacidades do silício e minimizar situações com consumo desnecessário de recursos, o que agrega valor ao aspecto performance por watt.

É importante ressaltar que os processadores Ryzen adotam processo litográfico de FinFET 14 nm, o que reduz drasticamente a densidade dos componentes. Com essa novidade, é possível criar chips menores e trabalhar com tensões reduzidas, o que resulta em uma curva atenuada entre energia e performance.

A arquitetura Zen ainda utiliza novas metodologias de baixo consumo energético, tais quais o cache de micro-operações (o que reduz a busca de dados distantes), clocks quase que nulos em situações ociosas (os quais são regulados de forma dinâmica) e um modo de baixo consumo para gerar endereços no expedidor.

Escalabilidade é a palavra de ordem

Basicamente, a escabilidade do Ryzen se dá em um grupo de quatro núcleos (CCX), que pode ser anexado a uma nova interconexão chamada “Fábrica Infinita”, o que permite configurar núcleos Zen separadamente para escalar, integrar e se comunicar de forma eficiente com outras unidades CCX.

A escalabilidade na arquitetura Zen começa no grupo de núcleos (CCX), que é basicamente um módulo nativo com 4 núcleos (capazes de executar 8 threads). Conforme já comentado, cada CCX do Ryzen 5 1600X conta com 96 KB de memória cache de nível L1 para cada núcleo (fechando a conta em 384 KB por CCX), 512 KB de memória cache de nível L2 para cada núcleo (o que totaliza 2 MB por CCX) e 8 MB de cache de nível L3 compartilhada entre todos os núcleos.

Vale notar que o Ryzen 5 1600X tem mais de uma unidade CCX, porém metade dos núcleos da segunda vêm desativados, o que totaliza 6 núcleos e 12 threads. Esta característica, no entanto, não impacta na memória cache L3, que continua totalmente operacional na segunda unidade. Na prática, isso significa que este chip tem mais espaço virtual (em nível L3, obviamente) para alocar dados virtuais.

É importante ressaltar que essa arquitetura modular permite adicionar mais núcleos, threads e memória cache, de forma que a AMD pode adaptar os componentes de acordo com o tipo de atividade. Isso já estava bem evidente no Ryzen 7 1800X, mas ficou ainda mais perceptível com o anúncio dos processadores AMD Threadripper.

Nova tecnologia AMD SenseMi

Cada processador AMD Ryzen tem uma rede inteligente de sensores interconectados que são ajustados com precisão para operar com tensão de 1 mV, corrente de 1 mA e temperatura de 1 °C, com uma atualização de mil vezes por segundo.

Esses sensores geram uma telemetria vital de dados que alimentam um loop da Fábrica Infinita, que é controlado para entregar energia em tempo real para os diversos ajustes do processador Ryzen, baseado no comportamento atual e nas condições esperadas para operações futuras.

A tecnologia AMD SenseMI é um pacote de cinco sensores que dependem de algoritmos sofisticados de aprendizagem e de funcionalidades do tipo “comande e controle” da Fábrica Infinita. Com essa tecnologia, o AMD Ryzen se mostra muito inteligente ao fazer um ajuste fino na performance e nas características de energia dos núcleos, genciando de forma especulativa o cache e fazendo previsões com o uso de inteligência artificial.

Testes de desempenho

Finalmente, o momento de mostrar todo o potencial do Ryzen. Como de costume, nós realizamos dezenas de testes para averiguar a capacidade do processador.

Para ter uma noção aprimorada das capacidades do chip, nós realizamos comparações com seu concorrente direto (Intel Core i5-7600K), com um processador Intel mais robusto (o Intel Core i7-6700K) e o Ryzen 7 1800X.

Máquina de testes

  • Sistema: Windows 10 Pro
  • Processador: AMD Ryzen R5 1600X
  • Placa-mãe: ASRock AB350 Gaming K4
  • Memória: 16 GB Geil DDR4 3.200 MHz
  • SSD: Intel 540 Series 480 GB
  • SSD 2: WD Blue 1 TB
  • HD: WD Blue 4 TB
  • Placa de vídeo: NVIDIA GeForce GTX 1080
  • Fonte: Corsair AX1500i
  • Cooler: AMD Wraith Max

PassMark

O PassMark Performance Test executa testes em todos os componentes do computador, medindo as capacidades da memória, do disco rígido, do processador, da placa de vídeo e, claro, da comunicação entre todos esses componentes e a placa-mãe.

O resultado geral do PassMark é uma média da pontuação de todos os itens do computador, algo bastante impactado pela performance do chipset em comunicação direta com o processador.

*Testes com o processador i7-6700K refletem resultados atualizados com novas placas-mãe

PCMark

O PCMark é focado em testes mistos, que simulam desde o uso mais tradicional de um computador, como navegação na internet, até a reprodução de filmes e outras tarefas. Nós utilizamos a verificação Creative Conventional para averiguar a performance da máquina.

*Testes com o processador i7-6700K refletem resultados atualizados com novas placas-mãe

MaxxMEM

O MaxxMEM é um aplicativo de testes que mede a velocidade da memória em situações diferentes: cópia, leitura e escrita. Esse benchmark é importante para medir a taxa de transferência da RAM e conferir como o controlador de memória se sai no dia a dia.

Apesar de ser um teste mais para comprovar as capacidades da placa-mãe, achamos necessário compartilhar os resultados, uma vez que você pode ter uma noção dos resultados que terá com uma plataforma Ryzen desse nível.

*Testes com o processador i7-6700K refletem resultados atualizados com novas placas-mãe

Cinebench

O Cinebench é um teste de benchmark que verifica as capacidades do computador na renderização de imagens e gráficos tridimensionais (usando a tecnologia OpenGL). Esse software é bastante utilizado para verificações de performance do processador — inclusive foi utilizado pela AMD em suas demonstrações.

*Testes com o processador i7-6700K refletem resultados atualizados com novas placas-mãe

RealBench

Este benchmark da ASUS efetua uma série de testes práticos, simulando como a máquina se comporta no dia a dia. O RealBench analisa o poder do computador na hora da edição de imagens, codificação de vídeos, trabalho com OpenCL e execução de múltiplas tarefas. O resultado geral indica a capacidade da máquina em pontos.

*Testes com o processador i7-6700K refletem resultados atualizados com novas placas-mãe

Jogos

Para trazer uma análise de maior utilidade, nós filtramos os jogos mais recentes, para que você possa ter uma noção das capacidades do AMD Ryzen em relação aos games mais modernos. Os testes foram executados com as placas NVIDIA GeForce GTX 1080 e GeForce GTX 1080 Ti, para averiguar a performance do processador em situações realmente pesadas.

Ghost Recon: Wildlands

Outro jogo pesado é o novo Ghost Recon: Wildlands. Com texturas de alta definição, cenários amplos e uso de filtros em vários objetos, ele consome muitos recursos da GPU. Mesmo placas como a GTX 1080 podem ter algumas dificuldades na hora de rodá-lo em resoluções elevadas.

The Division

The Division consome muitos recursos do computador, incluindo a atuação constante do processador. O jogo aproveita muito bem vários filtros e tecnologias para entregar visuais de primeira. Um recurso presente nele é o sistema de benchmark automático, algo que facilita o comparativo entre diferentes sistemas.

3DMark

O 3D Mark é um dos mais famosos programas de benchmark. Ele se destaca principalmente por trazer uma grande variedade de cenários para testes dos diferentes recursos de hardware e software da placa de vídeo. Este benchmark é dividido em quatro etapas, cada qual com um nível de complexidade mais avançado, e abaixo mostramos os principais resultados.

Temperatura

Apesar de ser o modelo mais robusto da série intermediária, o AMD Ryzen 5 1600X curiosamente não vem com uma solução de refrigeração. Isso é um tanto complicado para o consumidor, que precisa optar por um produto adicional e tomar os devidos cuidados para optar por um modelo realmente capaz de “dar conta do recado”.

Para nossos testes, nós usamos o AMD Wraith Max, uma das mais robustas soluções para esse processador operar mesmo em condições extremas. O AMD Ryzen 5 1600X foi muito bem nos testes, então já era de se esperar que ele gerasse muito calor.

Confira os resultados de temperatura:

  • Ocioso: 25 a 30 graus Celsius
  • Navegação na web: 35 a 48 graus Celsius
  • Jogos: 52 a 65 graus Celsius
  • Renderização no Cinebench: 84 graus Celsius*
    *Valor de pico alcançado com 10 repetições do teste

Parece que o Ryzen 5 1600X é um avanço em termos térmicos, principalmente quando comparamos com os resultados do top de linha da série Ryzen. Mesmo trabalhando com todos os núcleos em tarefas pesadas, o 1600X raramente chega aos 70 graus, com eventuais elevações para 80 graus.

Assim, podemos dizer que sistemas de refrigeração do tipo air cooler são suficientes para manter o chip operando tranquilamente, mas é claro que você pode optar por um water cooler se achar melhor manter o componente com temperaturas amenas.

Vale a pena?

Depois das boas surpresas com o AMD Ryzen 7 1800X, nós estávamos esperando excelentes resultados do modelo intermediário desta família de processadores para desktops. Pois bem: após nossos testes com o Ryzen 5 1600X, podemos dizer que o componente atendeu às nossas expectativas e até conseguiu surpreender em vários aspectos.

Projetado para ser o competidor do Intel Core i5-7600K, este Ryzen conseguiu ultrapassar o concorrente em vários cenários. Além disso, ele se mostrou capaz até de alcançar os resultados de concorrentes indiretos (e talvez até consideramos mais fortes), como o Intel Core i7-6700K.

Diferente do carro-chefe da família, o Ryzen 5 1600X não é tão ousado em algumas tarefas, mas sua otimização para softwares comuns e games é o que realmente vale a pena. Ele certamente dá conta do recado para jogos mais recentes e pode acompanhar tranquilamente o desempenho de placas de vídeo robustas como a GeForce GTX 1080.

É importante notar, contudo, que estamos falando dos testes que executamos, então essas afirmações não devem ser tomadas como únicas verdades para quaisquer comparações. Por outro lado, também não é possível garantir que o desempenho não esteja limitado por conta dos softwares que ainda não estão adaptados para o funcionamento do componente.

Os problemas iniciais que supostamente limitam a performance do Ryzen deixam isso bem evidente, sendo que até mesmo o plano de energia do Windows pode impactar negativamente na atuação do processador. Vale ressaltar que esse “problema” do plano de energia pode ser facilmente corrigido com a instalação do software mais recente para os chipsets da AMD.

Ficamos surpresos com os ótimos resultados de temperatura deste componente. Ele roda legal com um air cooler e não deve ter qualquer inconveniente mesmo em cargas estressantes de trabalho. Também gostamos do aplicativo descomplicado que permite realizar mudanças na frequência em poucos ajustes, ideal para overclocking.

Os preços do Ryzen 5 1600X variam de R$ 1.059 a R$ 1,3 mil, que são bem adequados considerando a proposta do produto e também o padrão praticado pela concorrência. Um ótimo processador da AMD por um valor justo, ideal para quem quer jogar, renderizar vídeos ou trabalhar com tarefas pesadas. Nossos parabéns à AMD pelo excelente trabalho!

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