Como funciona a câmera-aranha que será usada na Copa do Mundo? [infográfico]

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Design, interação e ilustração: Tim Trauer

As transmissões de futebol e eventos esportivos evoluíram muito nos últimos anos. O esporte, que anteriormente era visto como uma alternativa secundária das emissoras para atrair a audiência, passou a ser um dos carros-chefe da programação, recebendo grandes quantias de investimento.

Como um dos principais produtos das televisões, as partidas de futebol precisaram se adaptar para atrair uma audiência maior. Em vez de poucas câmeras estáticas capturando imagens da partida, posicionadas em pontos-chave fora das quatro linhas, câmeras móveis atrás dos gols, cinegrafistas nas arquibancadas e micro câmeras debaixo das traves.

Para o espectador, além do show de imagens nos mais diversos ângulos, a tecnologia dos aparelhos de TV também trouxe outras possibilidades, como assistir a uma partida escolhendo o ângulo de visão sem precisar sair do sofá. Porém, para muitos, a sensação de estar no estádio junto aos demais torcedores ainda parecia mais completa do que o conforto do lar.

As câmeras entram em campo

Em 2006, seguindo algumas experiências da Europa, a Rede Globo introduziu nas transmissões esportivas do país um sistema embrionário do que hoje é a Spidercam. Chamada “Câmera Mais”, a novidade consistia em uma câmera pendurada em dois cabos de aço, fixados no alto e presos nas duas extremidades do estádio.

Embora garantisse imagens interessantes e diferentes, a falta de controle sobre o que estava sendo filmado acabava tornando a alternativa pouco viável para as transmissões. A linha única de direção e a pouca flexibilidade de controle sobre a câmera fazia com que muito da partida se perdesse.

Acompanhar um contra-ataque, por exemplo, era uma tarefa quase impossível, uma vez que o tempo de giro da câmera e realinhamento era demasiado. A tecnologia foi utilizada durante uma das edições do Campeonato Brasileiro, mas passado o atrativo da novidade e ferramenta foi descartada para outras edições.

Mais mobilidade

(Fonte da imagem: Vision Research)

A partir de 2009 uma versão aperfeiçoada da “Câmera Mais” surgiu nos estádios europeus. O novo sistema ampliava o número de cabos e também as direções em que podiam se mover. Adaptado inicialmente às grandes arenas esportivas, o sistema consiste em dezesseis cabos fixados na horizontal e na vertical, no alto do estádio.

A câmera é acoplada a eles e coordenada por controle remoto em uma central de comando. A partir dela é possível ter uma liberdade quase total de movimentos. A câmera pode girar 360 graus com rapidez, podendo acompanhar ataques e contra-ataques com precisão, sem que haja cortes bruscos de cenas no processo.

Outra grande vantagem é a possibilidade que ela tem de ser baixada a um nível próximo ao do gramado. Assim, mesmo do alto do estádio, ela pode ser trazida para próximo dos jogadores, podendo acompanhar a partida como se fosse um elemento dentro de campo. Utilizando os recursos tradicionais de zoom, ainda que estática, a câmera no nível do gramado permite capturar imagens que, literalmente, acompanham o movimento da bola.

Durante uma cobrança de falta, por exemplo, o operador pode posicionar a câmera logo atrás do batedor, em um ponto pouco mais alto do que ele e, após a cobrança, utilizar o zoom para acompanhar a trajetória da bola, dando a impressão de movimento. No total, são utilizados quase 3 mil metros de cabos para garantir o funcionamento da estrutura.

O sistema Spidercam

O sistema Spidercam foi desenvolvido por Jens C. Peters, fundador da CCSystems, e foi lançado no ano 2000. Contudo, somente em 2003 ele foi utilizado pela primeira vez em um grande evento realizado na Áustria. Em 2004, a tecnologia foi adaptada aos shows e três deles foram contemplados com imagens aéreas: Robbie Wiliams, The Police e Kylie Minogue.

A partir de 2007, com a chegada de um novo parceiro para a empresa, novas possibilidades de utilização do mecanismo foram abertas para o grupo. Televisões da França, Portugal, Reino Unido, Itália, Polônia, Tunísia, Austrália e China adotaram a tecnologia em suas transmissões locais.

As primeiras experiências esportivas foram realizadas na África do Sul e na Índia, durante finais de partidas de críquete. O futebol receberia a novidade logo em seguida e, devido a sua amplitude, o mecanismo se tornou conhecido, virando referência nas transmissões esportivas europeias.

No Brasil, a estreia aconteceu na partida que marcou a despedida do atacante Ronaldo do futebol. No jogo entre a seleção brasileira e a Romênia, o sistema foi utilizado no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Em seguida, a final da Taça Libertadores da América, entre Santos e Peñarol, também foi capturada pela nova tecnologia.

A Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2014, pretende utilizar o sistema durante as partidas da competição que será realizada no Brasil. Embora simples, o formato garante imagens diferenciadas e acaba sendo mais um ótimo atrativo para o espectador.

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