Análise: BlackBerry Z10 [vídeo]

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Houve um tempo, antes de iPhones e Androids, que o termo “BlackBerry” era sinônimo do que havia de mais moderno em termos de celular. Os aparelhos, quase sempre voltados para o mundo corporativo, eram o sonho de consumo de muitos usuários, que viam nos modelos da antiga RIM a solução ideal para o seu dia a dia.

O tempo passou e a empresa demorou a se adaptar ao mundo dos smartphones. Isso refletiu diretamente nas vendas, e hoje a fatia de mercado ocupada pela BlackBerry é praticamente insignificante, com quedas consecutivas a cada trimestre. O lançamento do smartphone BlackBerry Z10 é uma aposta da companhia de que é possível virar o jogo.

Com hardware de peso, interface renovada e muitos novos recursos para os consumidores, a empresa investiu pesado para um tudo ou nada e espera cativar novamente os clientes, se mantendo firme no disputado mercado de smartphones. Confira a nossa análise completa do produto e o que consideramos os principais pontos positivos e negativos do aparelho.

Aprovado

Design de construção

O teclado físico sempre foi uma das características mais marcantes dos aparelhos da BlackBerry, mas na era dos smartphones com tela touch, é preciso seguir a tendência imposta pelo mercado e aprovada pelos consumidores. Pesando 137 gramas, o BlackBerry Z10 é um aparelho de fácil manuseio e que se molda com facilidade às mãos.

As laterais são quadradas com os cantos levemente arredondados, e o aspecto frontal lembra bastante o do HTC One. A parte traseira possui um acabamento emborrachado, bastante similar ao do Nexus 4. Entretanto, a combinação dos elementos revela um conjunto harmonioso e bastante agradável.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Hardware e desempenho

Quando um sistema operacional é desenvolvido tendo como foco um hardware específico, o resultado é sempre uma combinação mais harmoniosa do que quando é preciso adaptá-lo para diversos modelos de aparelho. Nesse caso, a BlackBerry acerta com a versão 10 do seu sistema operacional.

A transição entre as telas é suave e com efeitos bem trabalhados e, mesmo mantendo aplicativos em segundo plano em execução, não há comprometimento no desempenho. O processador Qualcomm Snapdragon dual-core de 1,5 GHz, somado aos 2 GB de RAM, é suficiente para a execução de todos os apps disponíveis na BlackBerry World.

Durante os nossos testes, não percebemos nenhum tipo de travamento, seja em aplicativos ou mesmo na execução do sistema operacional propriamente dito, o que mostra que o hardware escolhido se adéqua perfeitamente à proposta e às necessidades do SO.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Tela

Com densidade de 355 ppi e resolução de 1280x768 pixels, a tela do BlackBerry Z10 não é nenhum show à parte, mas é eficiente e se mostra bastante satisfatória em todas as funções que o aparelho desempenha. As opções de configuração de brilho e contraste são excelentes, e nem mesmo em condições adversas de luminosidade (como contra o sol) a visualização é prejudicada.

A resposta aos comandos também é precisa, e o sistema de haptics (a confirmação que o usuário recebe indicando que o seu comando foi compreendido) não é incômodo e torna a utilização bastante fluída. O tamanho de tela, 4,2 polegadas, fica dentro da média dos smartphones de ponta das principais fabricantes.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Câmera

Com 8 megapixels, a câmera traseira do BlackBerry Z10 também cumpre o esperado, mas sem muitos atrativos adicionais. As imagens capturadas pela câmera do aparelho têm um resultado de boa qualidade, equilibrando bem o contraste e a cor dos elementos. Mesmo em ambientes com condições de luminosidade adversas, o resultado final é satisfatório.

Sistema operacional e interface

Para apresentar ao público o modelo Z10, a BlackBerry decidiu remodelar completamente a interface do seu sistema operacional, apresentando o BlackBerry OS 10. Logo de início, é possível perceber que o trabalho seguiu uma linha bastante acertada, com um visual elegante e com belos efeitos de transição.

Se o teclado era um diferencial em termos físicos, a  BlackBerry manteve a tradição no que diz respeito ao teclado virtual. Além de ter um espaçamento agradável entre as teclas, o sistema “aprende” com a sua digitação, sugerindo palavras mais utilizadas de acordo com as primeiras letras que você digita. Embora essa não seja uma novidade, a disposição das palavras no meio do teclado é uma boa alternativa.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Apps nativos

Um bom sistema operacional precisa de apps compatíveis com o seu potencial. Nesse ponto, o trabalho realizado pela BlackBerry se mostra bastante acertado, com apps seguindo um padrão de design e resultando em funcionalidades relevantes para o consumidor.

Assim, aplicativos como o browser, por exemplo, se revelam uma grata surpresa em termos de design e funcionamento. Além disso, os recursos BlackNerry Hub, Story Maker, Remember e as funções de câmera não deixam nada a desejar se comparados às ferramentas similares de outros SOs.

Áudio

A qualidade de áudio do smartphone BlackBerry Z10 é notável. Tanto nas chamadas por voz quanto na execução de áudio ou conteúdo em vídeo, o resultado é satisfatório, sem distorções significativas em graves e agudos, mesmo quando o volume é colocado no máximo.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Conectividade

Para quem quer comprar um smartphone já pensando em uma conexão 4G, a boa notícia é que o BlackBerry Z10 está preparado. O modelo é um dos 11 celulares homologados no Brasil (ao menos até a data desta análise) compatíveis com essa tecnologia. O recurso NFC também está presente.

Para quem deseja compartilhar o conteúdo exibido na tela do smartphone diretamente na TV, o modelo conta ainda com porta HDMI para conexão direta. Por padrão, o espaço de armazenamento disponível de fábrica é de 16 GB, mas é possível expandir essa capacidade com cartão micro SD.

Reprovado

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Nova interface requer aprendizado de uso

Inovação é sempre bem-vinda e o fato de muitos aparelhos não trazerem nada de novo acaba deixando alguns consumidores desapontados. Entretanto, no Z10, a BlackBerry optou por alguns comandos de controle por toque, como deslizar de baixo para cima para voltar a uma tela com os últimos aplicativos abertos e, posteriormente, chegar à tela de aplicativos.

O “novo” sistema confunde nos primeiros momentos e não se mostra tão intuitivo. Além disso, requer um tempo de aprendizado até que você se habitue, situação que não acontece nos demais sistemas operacionais. Por ser menos intuitivo, muitas pessoas podem não gostar da novidade. Obviamente é possível se adaptar rapidamente, mas é preciso que haja disposição por parte do consumidor.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Sem fones de ouvido

É de se estranhar que algum smartphone hoje em dia não venha acompanhado de fones de ouvido. Afinal, a maioria deles têm recursos de áudio e vídeo e permitem ouvir música, assistir a filmes e ainda servir para videoconferências. No caso do BlackBerry Z10, esse fato chama ainda mais atenção por se tratar de um smartphone top de linha.

É sabido que os fones de ouvido não são os responsáveis por encarecer o produto. Por isso, incluir um deles, ainda que em uma versão simples, é o mínimo que o consumidor pode esperar de um produto que custa quase R$ 2,5 mil. A ausência do acessório é um ponto negativo do produto.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Relação custo-benefício

Custando R$ 2.449, segundo informações oficiais da BlackBerry, o smartphone Z10 se posiciona com um dos mais caros do mercado, concorrendo em termos de preço diretamente como os modelos iPhone 5 e Samsung Galaxy S4. Por conta disso, é natural que o consumidor espere muito de um aparelho nessa faixa.

Se em termos de desempenho o Z10 tem condições de brigar quase em igualdade, o mesmo não se pode dizer em relação ao ecossistema e à quantidade de aplicativos. Além dos dois modelos citados, aparelhos como o Nokia Lumia 920 e o Sony Xperia ZQ também oferecem mais recursos para o consumidor do que o top de linha da BlackBerry.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Aplicativos de terceiros com baixa qualidade

O mesmo cuidado que a BlackBerry teve no desenvolvimento do seu sistema operacional e dos seus aplicativos exclusivos, infelizmente, não é seguido à risca por grande parte dos desenvolvedores. A quantidade de aplicativos ruins ou com interface que foge ao padrão do SO é grande e o resultado pode decepcionar o consumidor.

Muitos aplicativos foram adaptados das versões anteriores do SO e, em alguns caso, não condizem com a proposta de modernidade do BlackBerry OS 10. Dessa forma, mesmo diante de um smartphone potente e com muitos recursos, pode ficar aquela sensação de que você comprou algo novo, mas levou algo velho para casa.

Vale lembrar que todos os SOs possuem aplicativos ruins ou de pouca utilidade. Entretanto, por conta do menor número de apps disponíveis na loja e da maior quantidade de conteúdo adaptado, no BlackBerry Z10 essa característica acaba sendo ressaltada.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Removeu a bateria? Sente e espere

Caso você precise retirar a bateria para mover o cartão micro SD ou o cartão SIM, se prepare para esperar. O tempo de boot do smartphone pode ser de mais um minuto, com uma incômoda tela de loading sendo exibida, dando a sensação de que algo errado aconteceu e o sistema travou.

Desligar o aparelho também não é algo que acontece tão rápido. Em nossos testes, foi preciso esperar muitas vezes até 30 segundos após o encerramento para que o aparelho estivesse completamente desligado.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

Duração de bateria

Infelizmente, esse foi outro ponto que nos chamou a atenção de forma negativa. Em nossos testes, a duração da bateria ficou abaixo do esperado, descarregando muito rápido ao longo de um dia de uso. Caso você opte pelo aparelho, certamente deve considerar andar sempre com o carregador ou com uma segunda bateria, pois em uso moderado bastam apenas 10 horas para que a carga já chegue a níveis baixos.

Vale a pena?

Não há como negar que a BlackBerry fez um grande trabalho na tentativa de retornar ao mercado de smartphones top de linha. O sistema operacional foi redesenhado e muitos aplicativos ganharam um visual atrativo e moderno, colocando o aparelho em condições de igualdade com os seus concorrentes.

No que diz respeito ao hardware, a otimização entre sistema e componentes também faz a diferença, pesando positivamente em favor do Z10. Contudo, a empresa se esqueceu de prestar atenção em alguns detalhes, a começar pelos aplicativos adaptados de versões anteriores.

A nova interface é menos intuitiva do que a de outros modelos, e os tempos de boot e desligamento do aparelho, em alguns momentos, podem passar de um minuto. A falta de aplicativos de peso e um ecossistema ainda em desenvolvimento são outros pontos que pesam contra o consumidor.

Por fim, vale lembrar que o preço do BlackBerry Z10, segundo informações da própria BlackBerry, é de R$ 2.449 (é possível encontrá-lo por cerca de R$ 2 mil em sites de comparação de preços), o que o coloca entre os smartphones mais caros do país.

Apesar de tudo, o resultado do retorno da BlackBerry ao mundo dos grandes é bastante promissor e, se corrigidos alguns do problemas desta primeira versão, é bem possível que no futuro a companhia tenha condições de voltar a brigar em pé de igualdade, ampliando a sua fatia de mercado.

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