Paquera virtual: a internet como pontapé para relacionamentos

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O ano é longínquo. Talvez três ou quatro antes de um novo milênio. O silêncio e a vergonha que imperavam em rodinhas viram palavras fáceis transmitidas por conexões discadas e salas “fechadas”. Tudo começa com um simples quebra-gelo: “Oi, quer tc?”.

O Baixaki aborda agora um tema divertido, sério e inevitável na internet: a paquera. Quem nunca cantou, foi cantado(a), deu toco ou se meteu naquela furada e descobriu que um Brad Pitt era, na verdade, um belo Batoré?

Não há dúvidas de que a internet é uma excelente fonte de conhecer pessoas e, consequentemente, embarcar em novas relações. Neste artigo, você vai se lembrar de como tudo começou, os prós e os contras desse tipo de relacionamento.

Não há uma regra que determina se relacionamentos a distância dão certo ou não. Há relatos de ótimos e duradouros namoros, há exemplos exatamente do contrário. Não é a internet quem define se um relacionamento a distância pode dar certo. São as pessoas envolvidas. Como toda ferramenta, a web é boa e ruim. Só depende de quem a usa. Então, quer tc com a gente?

_Baixaki_ entra na sala

Quem conheceu a internet lá pelo meio ou final dos anos 90 certamente acessou alguma sala de bate-papo. Os maiores portais da época tinham seus chats, divididas quase sempre por cidades, regiões, amizade, paquera e outros temas.

Opa, um lugar para conversar e tudo de que precisava era um apelido e um clique no botão “Entrar”? Ninguém para pedir documento, ninguém para contestar o que digo, ninguém para me desmentir? E meus pais mal sabem o que é internet? Tô dentro!

As salas de bate-papo encontraram uma receita perfeita para o sucesso. Muitas pessoas diferentes juntas para conversar e uma liberdade imensurável: a ausência da pressão de um olhar. Ninguém está lá para observar a sua reação e todos estão protegidos pelo anonimato.

Todo tipo de pessoa mais acanhada estufou o peito e partiu para a paquera. Se na vida fora dos chats era difícil se aproximar de qualquer gatinha ou gatinho, nas salas de bate-papo todos eram os gatinhos.

Não há melhor exemplo da coragem dos usuários que os apelidos nas salas. “gatinha_carente” entra na sala. “gato100gata” fala para todos. O Renan Hamann, redator do Baixaki, aproveitou a deixa para sacanear com este que vos escreve: "Danilo_o_Amoroso". Que desligue o computador quem nunca usou um apelido minimamente vergonhoso em uma sala.

O nosso redator Willian Fonseca usou uma excelente frase para resumir: “A internet é o álcool da nova geração. Antes você bebia para chegar na gata, hoje é só entrar no Orkut.” Acalmem-se, o Orkut entra nessa história já, já.

As garotas que o digam: elas sofreram bem mais. Entrar em uma sala de bate-papo cheia com apelido feminino era um remédio dos deuses para baixa autoestima ou aqueles dias em que você se sente um lixo. Qualquer bruxa virava Cinderela. Rapadura virava docinho de coco. E quem iria saber daquele seu hálito de dias?

De maneira alguma queremos ser injustos. A invenção dos chats foi excelente, simplesmente uma das melhores formas de conversar e de começar relações. Mas, claro, não há como esquecer hilários momentos como ler em um chat: “Oi, eu toco violino na Família Lima”.

Não deixe de ler este artigo com todos os cuidados que você deve ter ao usar salas de bate-papo.

Conversando com um estranho

O que Chatroulette, iMeetzu e CamChat têm em comum? São sites para conversar com estranhos. A proposta, obviamente, não é a paquera, mas certamente o pontapé inicial para o que der e vier é dado.

Mas que se pronuncie, especialmente homens, aquele que nunca começou a conversar e já deveu responder a uma pergunta: “h ou m?”. Ao responder “h”, a conversa acaba bruscamente. Oras, por quê?

Eles são um exemplo de como o anonimato ajuda pessoas inibidas e inseguras. Não há julgamento, e o pior que pode acontecer é uma conversa acabar e só.

Mensageiros

[As imagens de MSN que você vê a partir daqui foram retiradas do blog Jacaré Banguela, na seção Flagras do MSN]

Nada era tão divertido quanto ligar um computador e, alguns minutos depois, ouvir uma ressonante buzina de navio. Era o aviso de que o ICQ estava conectado e você estava online para o mundo. Antes de o Windows Live Messenger dominar o mercado, o ICQ cantou de galo e foi palco de muitas conversas interessantes.

Conseguir o UIN ou MSN de alguém era um passo a mais. Passada a caça e a escolha das “presas” em uma sala, era hora de resolver a parada na “chincha”, era hora de falar “cara a cara”. Mensageiros não estão isentos de personagens criados, paquera e muita história pra boi dormir. Definitivamente, não era o fato da “privacidade” de uma conversa a dois que impedia as cantadas.

Mas o MSN bolou a melhor das armas para evitar usuários muito pentelhos: o bloqueio! Deus abençoe este botãozinho capaz de poupas nossos olhos de pérolas como “Aposto um beijo que você vai me dar um fora!”. Rapaz, como adivinhou? Aqui vai uma dica: faça bonito na hora de acabar com alguém em sua vida. Claro, estamos falando virtualmente. A do vôlei, sugerida pela nutricionista e blogueira Jess Veridiana, é clássica:

Menina: Hey, vc joga volei?
Champz: nossa, gata, d+! pq?
Menina: então segura este bloqueio!
Menina parece estar offline. As mensagens serão entregues quando esse contato entrar

A nossa redatora Bia Smaal confessou ser uma usuária assídua. Segue o relato de uma impiedosa arrebatadora de emoticons apaixonados: “É sempre interessante citar a boa e velha ferramenta de "block" do MSN. Eu usei bastante na minha época de solteira”. Hoje, comprometida e feliz, Bia Smaal segue sua vida e mantém um MSN saudável e à prova de cantadas.

Mas, caso você seja daquelas pessoas mais simples, às vezes um pequeno gesto pode valer bem mais do que uma frase de efeito: é o fora implícito.

Imagine que você foi lá no fundo do Google, cavucou sites escabrosos até encontrar aquela frase brilhante. Você não tem ideia de onde ela surgiu, mas, se alguém perguntar, ela é de Shakespeare.

Ctrl+C, Ctrl+V, enter. “Me dei bem”, você assume. A resposta: “hihi [emoticon], vou jantar, tchau”. Tão fatal quanto.

Óbvio, outro remédio infalível para evitar constrangimentos é não liberar o seu MSN a torto e a direito para quem for. Considere-o tão pessoal quanto seu RG e CPF. Ou então como álcool: use-o com moderação.

Redes sociais

Claro, óbvio, pra surdo ouvir e cego ver: o Orkut não ficou de fora de cantadas, assim como outras redes sociais. Sites justamente para paquera e relacionamento surgiram e existem até hoje.

No cenário atual, o Orkut pode ser comparado a uma sala de bate-papo. A diferença é que milhões de usuários estão “dentro” dela. Isso não impede a troca de recados como “Nossa, você é bem gatinho(a). Add no MSN?” Alguns já dão um passo a mais: “Nossa, gatinha, add aí meu MSN: pegador@naarea.com”

Outras redes sociais enxergaram a oportunidade e direcionaram seus serviços especialmente para relacionamentos. É o caso do Te Procurando, Par Perfeito, Almas Gêmeas e outros. Uma rede social causou muita polêmica pela maneira como aceitava usuários: o Beautiful People.

Esta rede não cadastrava qualquer usuário. Era necessário enviar uma foto e esperar uma aprovação, pois só pessoas bonitas eram aceitas. A polêmica aumentou ainda mais quando circulou a notícia de que o site estava banindo pessoas que engordaram após se cadastrar. Jogada de marketing ou maldade pura? Fica o debate aberto.

Quem é você?

“Como você é?”.Se o mais tímido dos seres ganhou um reboot em sua confiança, toda sua nova persona é abalada com essa pergunta. “Tem foto?” é pergunta ainda mais perigosa.

Já que o assunto é de peito aberto e papo reto: desconfie de fotos detalhadas. Quase sempre. Quem tem olhos de azul oceano, mas sorrisinho de quem não vê uma escova há tempos sempre vai priorizar o primeiro. Óculos escuros para disfarçar olheiras ou aquele detalhe na barriguinha de tanquinho são soluções manjadas para imperfeições localizadas.

Seja em salas, redes sociais ou mensageiros, se o objetivo é a paquera, uma hora a barreira virtual deve ser quebrada. Boas histórias quanto a isso não faltam.

Ou melhor, histórias trágicas. O Baixaki para tudo agora para divulgar o triste relato de um rapaz que se assustou. Não vamos dizer que ele é um redator do site. Cuidado, as cenas a seguir são fortes:

“Teve um ‘causo’ curioso, que a ‘mina’ sempre usava fotos de baixíssima resolução ou focava em uma parte específica do rosto. Desconfiado, perguntei: ‘Descreva você’, e lá vinha: ‘Morena alta, magra, cabelos escuros e olhos verdes... ’.

Quando fui olhar em seus olhos, não sabia ao certo se ela me encarava ou se fitava a parede ao lado. A moça era realmente formosa, mas bem que poderia ter aparecido com óculos escuros ou um lugar de pouca iluminação”.

Paquera 24 horas, haja cantada!

O Fousquare no iPhone. Todos  estão conectados pelo tempo que quiserem.A portabilidade exerce papel determinante em meio a paixões virtuais. A internet está no bolso das pessoas, em celulares, iPhones, iPads e outros.

Isso significa que uma pessoa pode simplesmente ficar 24 horas online no MSN, Orkut, chats, redes sociais e o que for. Claro, não tão ativamente, mas de “conexão presente”. Basta lembrarmos que o Messenger vai ganhar uma versão para iPhone, então prepare sua lábia!

O Foursquare é um excelente exemplo de interatividade em outro nível. É uma rede social em que os usuários exploram locais e são retribuídos por pontos.

Cada usuário pode, por exemplo, enviar em tempo real o local em que está para o seu perfil. As pessoas são encontradas em qualquer lugar e podem conversar em qualquer lugar.

Essa mistura de jogos e relacionamentos certamente oferece oportunidades de paquera. Leia este artigo sobre o Foursquare e fique atualizado sobre ele!

Dicas para cantar bem e se livrar de enrascadas

Claro que, apesar de toda a brincadeira, de maneira alguma queremos repreender a paquera pela internet. Afinal, o lado bom de toda essa história é que ela pode ser ótima ferramenta para quebrar o gelo e começar novas relações.

Se você vai encontrar sua alma gêmea, ninguém sabe, mas certamente vai conhecer muitas “almas” somente.

Como muitos já estão “vacinados”, eles não caem mais com tanta facilidade em cantadas. Segue aí um pequeno manual com dicas para um paquerador de primeira, sem ofender ninguém e arrancar bons risos:

1 – Não chamarás de felino.

Esqueça gatinho(a) e todos os derivados. Seja criativo e use um que demonstre bem quem você é;

2 – Não atropelarás ninguém como uma jamanta.

A abordagem é fundamental para começar uma conversa. Seja criativo, use o que for possível do ambiente para começar bem;

3 – Não esquecerás de ler e ouvir.

Cantadas de efeito em uma frase podem gerar risos, mas não sustentam uma conversa. Lembre-se bem desta palavra: diálogo. Então leia, escreva, pergunte e interaja;

4 –Megan Fox e Robert Pattinson não entram em chats ou MSN.

Óbvio, não peça nome completo, nome da mãe, ficha no SERASA e currículo escolar, mas não tenha pressa em conhecer realmente a pessoa com quem você conversa. No caso de marcar um encontro, sempre prefira lugares públicos e bem movimentados.

Não acredite em tudo que você lê. Claro, não seja paranóico, mas tenha bom senso crítico e preste atenção ao que for dito;

5 – Não se fecharás em uma tela.

A vida real não para. Cuidado com relacionamentos essencialmente virtuais. A longo prazo, eles podem ser prejudiciais, principalmente para quem é inibido. Por mais que o teclado lhe dê mais segurança, nada substitui o toque, o olhar de uma pessoa e as reações dela;

6 – Não usarás fake.

A mentira tem perninhas: não adianta mentir se sua ideia é continuar o papo. Uma hora a sua máscara pode cair. Usar fotos alheias, além de crime, é uma furada total. Escolha bem as suas, mas já sabe da história dos detalhes...

A honestidade premia.Acredite que alguém honesto causa muito melhor impacto posteriormente. Quem paga de gatão e não convence é esquecido. Quem não força a barra para ser o que não é tem uma imagem muito mais marcante;

7 – Tens um cérebro. Use-o.

Para desmascarar fajutos, boa memória é fundamental. Faça perguntas e lembre-se das respostas. Faça as mesmas perguntas no futuro e veja se encontra discrepâncias.

As mulheres encontram excelentes reportagem sobre relacionamentos na internet no Portal Terra, com muitas dicas sobre como se portar. Não deixe de clicar aqui e ler. Há também um guia com muitas dicas, o qual você lê aqui.

Agora é sua vez, caro leitor. Comente, conte suas histórias de paqueras, dê as suas dicas que nunca falharam (e também as que só falharam). Este assunto rende, e o que você leu aqui é apenas o começo. Participe e divirta-se!

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